terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

frente marítima da lajinha

Sempre que passo no troço da lajinha da estrada regional, sinto que a mesma dava um excelente percurso de lazer.
Com a abertura da variante, e a consequente alternativa de trânsito automóvel entre a Feteira e a Horta, creio que estão criadas as condições para que o troço entre a rotunda da Feteira e a rotunda do Pasteleiro passe a ser de um único sentido (aeroporto-Horta) e o espaço deixado pela outra faixa existente seja ocupado por uma ciclovia e passeio público.
Com esta solução continua-se a poder fazer o percurso turístico de aproximação à cidade e criar condições para o usufruto de toda esta frente de uma forma mais virada para os peões e para as actividades de lazer com mais segurança.
Propunha igualmente que o trânsito na rua do Pasteleiro, depois da rotunda, travessa do Porto Pim, rua da Areinha Velha e na rua Nova seja condicionado, com velocidade de circulação máxima de 20km/h e prioridade para as bicicletas e peões.
Naturalmente que tal solução acarreta alguns inconvenientes, em particular no troço entre a Feteira e rotunda do Pasteleiro, tais como o acesso às construções existentes pelos seus moradores. Relativamente a esses inconvenientes os mesmos são minimizados pelas diversas ligações entre a variante e a estrada regional, pelo que no sentido Este-Oeste (o único a ser cortado ao trânsito automóvel) será necessário dar uma volta ligeiramente maior. Quanto aos utilizadores dos autocarros, na sua maioria estudantes do liceu, relembro que só serão afectados no percurso de volta da cidade, pelo que poderão cumprir o horário habitual sem alterações de rotina na ida para a cidade. Eventualmente, e uma vez que passaria a existir uma ciclovia, permitia a utilização de bicicletas como meio de transporte para os estudantes que moram nesta zona, com total segurança.
Creio que os inconvenientes são largamente ultrapassados pelas vantagens de transformar esta zona numa zona de lazer, mesmo para os próprios moradores que passam a dispor de um espaço para passear em segurança, ao contrário da situação existente.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

sobre peões e automóveis 2

A partir do próximo mês de Julho a circulação de veículos privados no troço entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço, bem como em todo o Terreiro do Paço (Lisboa) passará a ser proibida.
A razão porque coloco aqui esta informação deve-se ao facto de este troço ser uma das principais vias de ligação entre a zona ocidental a zona oriental da cidade, a qual é atravessada por milhares de veículos privados diariamente.
Ora, se num troço tão movimentado como este é possível cortar o trânsito automóvel, excepto a transportes públicos, encontrando-se alternativas de circulação para automóveis privados, muito mais facilmente se consegue cortar o trânsito em ruas de sentido único na Horta,como é o caso das ruas referidas no post anterior.
O que é necessário para tal passo é somente vontade política.
Fica aqui um bom exemplo de devolução de um belo espaço de cidade aos peões e aos cidadãos, em detrimento dos utilizadores automobilizados.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

sobre peões e automóveis (-)

Não é novidade para ninguém que a cidade da Horta não é muito amiga do automobilista, com ruas estreitas e sentidos de circulação algo estranhos que em determinados percursos nos obrigam a subir e a descer a encosta. No entanto consegue ser ainda menos amiga do peão, que devido à exigua largura dos passeios torna-se bastante desconfortável para os peões a circularem em sentidos contrários, para um casal ir lado a lado, para alguém que circule com carrinho de bébé, ou mesmo de cadeira de rodas. Não, de facto a cidade da Horta não gosta do peão. Estou em crer que não existe em toda a cidade uma única rua pedonal, onde o peão tenha liberdade para circular, parar para ver montras ou conversar sem incomodar ninguém e sem o barulho dos automóveis. Esta situação torna-se ainda mais estranha quando em vilas pequenas como as Velas de São Jorge já existem ruas exclusivamente pedonais.

Em diversas cidades do continente têm vindo a ser testadas algumas formas de circulação alternativas ao automóvel privado, algumas delas com resultados bastante interessantes. Deixo aqui o exemplo de apenas duas devido a algumas semelhanças em termos de orografia (sim, também é possível utilizar bicicletas em cidades com orografia acentuada). São elas Cascais e Évora. No caso de Cascais foi implementada uma rede de parques de estacionamento, através de parcerias público-privadas, cujo preço do estacionamento aumenta quanto mais próximo do centro da vila estiver o parque, sendo que o bilhete dos parques mais distantes dão acesso aos autocarros da vila (os buscas). Em torno deste centro existem diversas ruas cortadas ao trânsito ou de trânsito condicionado, onde o peão tem sempre prioridade. Foi igualmente estabelecido um sistema de empréstimo gratuito de bicicletas (as bicas) que, apesar de ter um horário de funcionamento que necessita de ser repensado, tem tido bastantes utilizadores.
Medidas semelhantes, embora com algumas nuances, foram implantadas na cidade de Évora, uma cidade de grande beleza e nada plana. O resultado destas medidas é ter devolvido a cidade aos peões. Se no início os comerciantes das ruas cortadas ao trânsito eram contra esta medida, rapidamente se aperceberam que uma rua exclusivamente pedonal é uma mais valia, uma vez que as pessoas podem parar, confraternizar, ver as montras e fazer as compras sem estarem preocupadas com o carro mal estacionado. Um bom exemplo são os grandes centros comerciais (não que sejam espaços que me agradem) onde não é possível parar o carro à porta das lojas e, apesar disso, os corredores estão sempre cheios de gente a circular.
Alguns poderão dizer, ah mas o clima aqui não permite andarmos a pé. Pessoalmente acho mais confortável andar a pé numa cidade onde chove com alguma frequência, mas durante pouco tempo seguido, do que numa cidade onde no Inverno as temperaturas exteriores andam perto dos 0ºC e no Verão chegam a ultrapassar os 40ºC à sombra.
No entanto não custa nada experimentar, aos poucos, como por exemplo cortar o trânsito durante os fins-de-semana nos troços entre o mercado e os correios e a biblioteca e o Largo do Infante. E porque não permitir que nessas alturas a pastelaria ideal e a padaria popular possam ocupar parte da via com esplanadas?
Esta é uma sugestão que não creio que traga grandes incómodos e poderá trazer grandes benefícios.