terça-feira, 2 de dezembro de 2008

sobre imóveis degradados (-)

Tal como o imóvel desta imagem tirada junto ao Largo do Infante, existem na cidade da Horta dezenas de casas degradadas e a necessitar de recuperação. Muitos destes imóveis são edifícios de uma arquitectura notável, que corre o risco de desaparecer caso os mesmos acabem por ruir e sejam substituídos por novos edifícios de linguagem contemporânea. Pessoalmente não tenho nada contra a linguagem arquitectónica contemporânea, desde que bem feita, mas corre-se o risco de retirar à cidade a imagem arte nova que ganhou após a reconstrução do sismo de 1926.
O novo P.R.O.T.A. preconiza para a ilha do Faial um possível desenvolvimento urbano na direcção da freguesia dos Flamengos.
A questão que coloco é esta: será mesmo necessário ocupar terras incrivelmente férteis novas construções? Será que os fogos existentes na cidade não são suficientes para albergar a população que trabalha na mesma? Não faria mais sentido desenvolver políticas de fixação de pessoas na cidade reduzindo as necessidades de transporte diário entre habitação e trabalho? E já agora, será que não se podia tentar aproveitar esses terrenos entre as duas áreas urbanas para criar hortas urbanas comunitárias, para as pessoas que não têm um pedaço de terreno, por viverem em apartamentos, poderem produzir qualquer coisa aos fins-de-semana?
Isto é apenas uma pequena reflexão rápida, por isso agradecia a todos os visitantes deste blog que comentassem, critiquem, sugiram.

sábado, 29 de novembro de 2008

páteo bagatella, rato


Entre o Largo do Rato e as Amoreiras, por detrás da fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva, existe um pátio recentemente recuperado chamado páteo bagatella. Ao nível do piso térreo os espaços em torno do pátio forma adaptados para comércio, sendo alguns deles afectos à restauração. Tal utilização permitiu a criação de diversas esplanadas ao longo do pátio tornando o mesmo num espaço excelente para o convívio e lazer.
Naturalmente, tal solução, que já foi reproduzida em diversos quarteirões lisboetas, só foi possível devido ao forte investimento do promotor imobiliário que adquiriu todos os edifícios pertencentes ao pátio permitindo assim trabalhá-lo em conjunto. Gostaria de destacar que a organização física do referido empreendimento poderia facilmente ser transformado num condomínio fechado, uma vez que está tanto na moda esse tipo de vivência habitacional. Felizmente não foi essa a opção tomada sendo que todo o bairro ficou a ganhar com esta intervenção. Não sei quais são os preços de venda de cada fogo, mas calculo que não sejam nada baratos. No entanto apresento este exemplo para mostrar que é possível conjugar os interesses dos promotores imobiliários com os interesses da população, desde que os primeiros não optem pela especulação pura e dura.
Sei que na cidade da Horta não existe a tradição dos pátios, mas existem empreendimentos imobiliários que abrangem quarteirões inteiros. Talvez esta seja uma das soluções a equacionar nesse tipo de intervenção.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

guarda-rio, cais do sodré

junto à estação dos comboios do cais do sodré existe um pequeno edifício em madeira de linhas oitocentistas que é uma casa de chá ou café. A localização, mesmo junto ao rio, bem como os materiais utilizados tornam o espaço interior extremamente acolhedor. A "torrinha" perpendicular ao corpo principal alberga uma pequena mesanine com lugar para 2 ou 3 mesas. Cá fora existem duas esplanadas, uma totalmente descoberta, e outra protegida por uma cobertura e uns elementos am PVC e acrílico. Esta última é o resultado de uma intervenção recente, infelizmente bastante desenquadrada do edifício principal. Antes da intervenção o que existia era uma pérgola com vegetação que cobria a parte de cima e os lados da esplanada, de forma a dar-lhe alguma protecção. Apesar da existência desta referida construção mais recente, o conjunto em si é bastante agradável e acolhedor e, na minha opinião, se o mesmo estivesse inserido num espaço de características mais românticas, como por exemplo no largo do infante, ainda mais acolhedor e interessante se tornaria.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

portas do sol, Alfama


Entre Alfama e o Castelo de São Jorge existe uma esplanada numa zona chamada Portas do Sol, cujo equipamento de apoio é um quiosque de linguagem arte nova. As mesas e cadeiras são metálicas, na mesma côr do quiosque, e sem qualquer publicidade. Aqui servem-se bebidas e refeições leves. Olhando para este pequeno espaço de lazer imagino-o perfeitamente adaptado ao jardim Florêncio Terra, que após a conclusão das obras de conversão do antigo hospital em universidade tanto jeito poderá dar. Creio que o referido jardim é um espaço privilegiado para o usufruto de lazer, mais do que já o é, e sendo um espaço com um ambiente fantástico e uma vista espectacular, porque não tirar mais partido disso? Caso esta solução incomode muita gente, o espaço em torno da torre do relógio está completamente desaproveitado e com algum arranjo de exteriores, um quiosque e algumas mesas, parece-me que poderia ser muito bem aproveitado.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

sobre esplanadas e espaços de lazer

Aproveitando o mote lançado pelo bloguista geocrusué, bem como ao facto de estar actualmente, e por um curto período, em Lisboa e Cascais, irei apresentar, durante os próximos dias, alguns exemplos de utilização de espaço público para lazer que considero interessantes e cuja filosofia poderia ser adoptada na cidade da Horta.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

AVENIDA MARGINAL DA HORTA - Que fazer?

A Horta, cidade mar, cresceu de costas para o mar... e para o Pico. Aspecto fácil de comprovar com o facto da frente marítima da Matriz se fazer com as traseiras das casas situadas na sua rua principal. Situação que não é única em vários aglomerados urbanos dos Açores.
No final da década de 1950, a construção da Avenida Marginal teve um caracter de protecção da cidade contra as maresias e criou uma via rodoviária estruturante do trânsito urbano. Talvez por isso mesmo não lhe foram adicionadas estruturas de atracção popular, como esplanadas, cafés e outros espaços lúdicos, embora duas zonas verdes tenham sido ocupadas por um pequeno jardim e um parque infantil com características marcantes da década de 1960.
Apesar desta via ter um dos cenários mais belos do país a vista para a baía da Horta com a Montanha do Pico ao fundo, a Avenida Marginal nunca foi o principal foco de atracção dos residentes para os seus tempos livres de passeio e relaxamento. Também não existem bancos que permitam ao transeunte sentar-se a maravilhar-se com a paisagem e a observar a actividade portuária, o murete novamente repete a tradição de uma cidade de costas viradas para o mar.
A agravar a capacidade da Avenida como foco atracção dos tempos livres do seus residentes e foco de atracção de actividades sociais, o seu parque infantil foi essencialmente ocupado por um parque de estacionamento asfaltado sem qualquer cuidado urbanístico ou sinal de bom-gosto, enquanto o lago do jardim passou a coincidir com a placa de cobertura de casas de banho públicas, cercadas de mais espaços de estacionamento automóvel. Sobrou um pequeno quiosque e um outro maior com uma esplanada desvalorizada para um agradável aproveitamento como espaço de convívio.
Assim, passados cerca de meio século da construção da Avenida Marginal, esta continua a ser uma estrutura marginal na vida social da Horta.
Pergunta-se que fazer? Manter este subaproveitamento? Reordenar e incentivar actividades lúdicas e de restauração compatíveis com o uso rodoviário e de estacionamento da avenida? Adicionar mobiliário urbano capaz de atrair jovens, reformados e turistas para amenos convívios e onde seja possível desfrutar a paisagem? Deixar que a marginalização da avenida se acentue e torná-la num vasto parque de estacionamento e desistir de virar a cidade da Horta para o mar?
Questões há muitas possíveis... o que desejo é que se encontrem as respostas adequadas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

workshop de reabilitação urbana

Avisam-se todos os interessados que vai decorrer no próximo sábado dia 15, entre as 9h30 e as 18h, no teatro faialense um workshop sobre reabilitação urbana. Para mais informações poderão contactar a urbhorta.

sobre mobiliário urbano ( - )

Sobre o mobiliário urbano da cidade da Horta existe alguma disparidade de linguagens de design que impedem uma imagem coerente dos espaços públicos da cidade. Nesta foto surgem três elementos, (sendo que um deles não é mobiliário mas contribui para a falta de unidade do espaço público), nomeadamente:
- bancos: apesar de o design ser do meu agrado (noutro contexto), os bancos que têm vindo a ser espalhados por alguns dos espaços públicos da cidade, juntamente com as papeleiras com o mesmo tipo de design, não são compatíveis com a linguagem mais frequente da cidade da horta, que é, na minha opinião, a arte nova. Seria talvez interessante que os bancos dos diversos espaços públicos tivessem uma linguagem mais próxima do design desse período, bem como as papeleiras e candeeiros.
- quiosque: relativamente aos quiosques presentes no largo do infante, cuja presença faz todo o sentido, infelizmente, devido às suas características arquitectónicas e construtivas, dão uma ideia que ficaram "esquecidos" depois da semana do mar, e que ainda não houve tempo para os desmontar. Seria interessante que os mesmos fossem substituídos por quiosques do tipo art deco (como os que surgem numa colecção de selos dos ctt) os quais possam ser explorados por associações de cariz cultural e/ou social. Já agora sugeria que se estabelecece um protocolo com a biblioteca da Horta de forma a ter um quiosque com alguns livros de contos, livros infantis, jornais e publicações periódicas, com algumas mesas e cadeiras, onde os transeuntes possam aproveitar algum tempo livre para ler e habitar o espaço público.
- calçada: o pavimento, não sendo mobiliário tem no entanto um impacto considerável na percepção, por parte do transeunte, do espaço. Tendo a CMH tido o bom senso de aplicar calçada de pedra no pavimento do largo do infante e no largo da república, infelizmente a estereotomia do mesmo não foi, na minha opinião, uma escolha feliz. O facto de se ter escolhido uma preponderância pelo basalto torna o espaço escuro e algo triste. A presença de algumas pedras de calcário, de forma aleatória, dá a sensação de ser um chão escuro que está um pouco sujo. Felizmente, uma das grandes vantagens da calçada é a possibilidade de ser removida e refeita sem desperdícios de material. Existindo excelentes exemplos de calçada à portuguesa por toda a cidade, tendo inclusivamente alguns desses exemplos sido apresentados em diversos livros editados pela CMH ou por juntas de freguesia, não seria interessante refazer estes pavimentos de forma a criar alguma unidade com os pavimentos de calçada adjacentes?
Gostaria de terminar este post com uma nota relativa ao largo do infante. Para mim este espaço é sem sombra de dúvida um dos espaços públicos exteriores mais agradáveis da Horta, sinto no entanto que ao mesmo falta-lhe vida. O que sinto mais falta é a presença dos grupos de avós em volta de algumas mesinhas a jogar às cartas, às damas ou ao xadrez, como é habitual neste tipo de espaços. Existem tantas formas de promover o convívio dos mais idosos com outras camadas etárias ou entre eles próprios. Aceitam-se sugestões.
Já agora não posso deixar de agradecer aos visitantes deste blog que têm deixado os seus comentários. Este blog é para fomentar a discussão pública, os temas são sugeridos pelos autores mas os comentários são uma excelente forma de participação. E como há tantos temas para discutir, sugiram, participem. Obrigado

terça-feira, 11 de novembro de 2008

porto pim digital (positivo)

Ao contrário da muralha, o forte de porto pim foi alvo de obras de reabilitação, por parte da junta de freguesia das angústias, com o apoio da CMH e da SRHE sendo que o mesmo alberga um centro digital para a juventude, mediante um protocolo com a APADIF. Apresento esta situação como um exemplo a seguir, uma vez que a utilização dos espaços patrimoniais para actividades públicas é meio caminho andado para a sua protecção e conservação. Os espaços fechados têm tendência para se degradarem, ao contrário dos espaços usados, de forma cívica e racional, que vão sendo mantidos pelos utilizadores. Estão as entidades envolvidas neste processo de parabéns. Atrever-me-ia a sugerir que o espaço em frente ao referido forte seja concessionado, durante os meses de Verão, à Padaria Popular, para ocupação de esplanada, ficando a manutenção e limpeza da mesma a cargo do concessionário.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

muralha de porto pim (negativo)

Para iniciar este blog resolvi apresentar uma imagem com que me deparo diariamente. A muralha de Porto Pim, que faz parte do conjunto fortificado da baía de Porto Pim, juntamente com o castelo de S. Sebastião, tem sido alvo de alguma negligência sendo que a mesma não só serve de marcação de parque de estacionamento, como serve de fiel depositária dos únicos contentores de lixo dos quarteirões em redor. Interessante verificar que apesar da quantidade de contentores, nehum deles serve para a reciclagem, apesar da existência de um café, um restaurante, uma padaria, uma mercearia e a cantina da função pública. A referida muralha encontra-se igualmente com diversas fragilidades estruturais do lado do mar, tendo sido prevista a sua recuperação em meados de 2006 e ainda por iniciar.