terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pobre Reabilitação da Casa Manuel de Arriaga

Em ano de centenário da República, a cidade da Horta conheceu o projecto para reabilitação da Casa de Manuel de Arriaga.

Esta casa já teve muitas intervenções e hoje em dia está em ruina, no entanto para assinalar uma data histórica e usando as verbas exorbitantes de que já todos ouvimos falar seria de esperar uma intervenção com mais imaginação, ou pelo menos com o mínimo de imaginação, algo para a posteridade. No fundo seria apenas construir património no exacto local onde este foi destruido.

Seria de esperar uma devolução desta casa à cidade, intervindo com o espaço público, retirando este local das traseiras da nossa cidade. Seria também de esperar que a casa recuperasse a escala e o traçado que outrora teve, ou pelo menos a introdução de algo novo que viesse explicar a não reconstrução do traçado original ou de uma interpretação do mesmo...

Nada disso vai ser feito, talvez por pressa em "ter" rápidamente uma inauguração ou talvez por simples falta de imaginação. A casa será recuperada mas não a dignidade que esta merece.

12 comentários:

Carlos Faria disse...

Posso estar enganado, mas na generalidade o projecto limita-se repor o aspecto da casa que eu conhecia na década de 70. Pode haver alguma diferença mais significativa, na a imagem mental da minha memória é aproximadamente isto.

Grifo disse...

Já agora, como ficou para o jardim da casa?

Tomás disse...

ao geocrusoe
Manuel de Arriaga nasceu em 1840
o aspecto que a casa adquiriu na década de 70 já é muito decepado e detorpado

ao grifo
O jardim vai ser dignamente e obviamente recuperado

pedro garcia disse...

alguém me sabe dizer quando decorreu o concurso público para o projecto desta obra?

Tomás disse...

aí está uma bela ideia!
nada como concursos para melhorar a qualidade dos projectos


mas foi mesmo encomenda directa ao arquitecto

pedro garcia disse...

pois... eu estava a colocar a questão pretendendo ironizar...

porque é que nesta terra se continuam a bloquear as oportunidades de acesso a muitos dos melhores trabalhos aos técnicos que cá estam instalados?

O centro de interpretação do vulcão, o plano da paisagem protegida do monte da guia, a obra do porto, etc.

Não vou entrar no discurso de pedir para privilegiarem os interesses dos que cá estão instalados, mas pelo menos não nos bloqueiem as hipóteses de concorrer por trabalho qualificado.

Pelo menos tenham em conta que a encomenda privada cá é o que é e está tomada de assalto pelos "projectistas" não-arquitectos.

Será que há interesse público por que hajam arquitectos no faial?

Miguel Valente disse...

Ao Tomás,

Até hoje a única informação que tinha sobre este projecto era precisamente esta imagem, a qual não me deixou muito entusiasmado, principalmente porque já tinha uma ideia feita sobre uma possível intervenção. Conhecendo a equipa projectista e algum do seu trabalho, como por exemplo a Ermida da Almagreira, A fábrica da Sibil e a intervenção no forte junta a esta fábrica, entre outros, calculava que o projecto seria mais interessante do que aparentava pela referida imagem. Assim sendo tomei contacto com o referido projecto e, na minha opinião, é bastante interessante e a imagem publicada no jornal não é uma boa imagem de apresentação.
Creio que em breve irá haver uma apresentação pública e, após termos acesso à totalidade da informação, poderemos então comentar de forma justa e correcta.
Quanto à abordagem de repor a imagem do edifício antes de ficar em ruína, não concordando com a mesma, não deixa de ter legitimidade e sei que a investigação histórica foi feita, o que terá, concerteza, pesado na opção do tipo de intervenção.
Ao Pedro e ao Tomás, relativamente aos concursos públicos, embora seja defensor dos mesmos para determinado tipo de intervenções gostaria de relembrar que os mesmos são altamente penalizadores para projectistas que ainda não tenham saído emm revistas nem que façam parte do grupo de interesses que se instalou na nossa querida Ordem.
Para intervenções desta natureza não tenho nada contra a adjudicação directa desde que a mesma seja feita por mérito e não por relações de interesses, como tanta vez acontece.

Tomás disse...

ao miguel

os concursos públicos são anónimos
não são penalizadores para ninguém
de um modo geral é claro
a adjudicação directa apesar de por vezes ser por mérito é sempre uma incógnita em relação ao que será o projecto

acredito que a casa Manuel de Arriaga seja bem interessante mas a outra escala que não a urbana

mesmo a fábrica da Sibil é um projecto excelente principalmente à escala 1/50 e 1/20

Miguel Valente disse...

Ao Tomás,
relativamente à escala urbana creio que o projecto é bastante interessante uma vez que propõe uma ligação entre a parte baixa da cidade (casa Manuel de Arriaga) e a parte média da cidade (A.L.R.A.A.) com espaços verdes constituídos por hortas, jardins, etc.
Eu pessoalmente propunha que ao longo da Rua do Arco fosse cedida uma faixa com cerca de 2,5 m a fim de poder fazer passeios e estacionamento a longo dessa rua, uma vez que a mesma não tem nada disso, sendo que a CMH obrigou a manter os alinhamentos existentes aquando a construção do edifício de habitação a custos controlados.

pedro garcia disse...

Então que tipo de obra é adequada para levar a concurso??

Os concursos podem ser perfeitamente justos, logo que os critérios sejam correctos e que júri seja imparcial.
Dir-me-ão que é difícil no nosso país, mas é por aí que as coisas têm de começar a mudar.
Temos todos de começar a ser mais idóneos, para que também possamos confiar mais uns nos outros e no sistema.

Pelo menos um concurso público terá sempre maior potencial para ser um processo justo e aberto que uma adjudicação directa.

Já agora pergunto:
Em que revistas aparecia o Arq Nuno Lopes antes de realizar os grandes projectos para o faial?
Admito que seja ignorância minha...

Mário Moniz disse...

Estes pormenores são mais convosco (arquitectos e afins). Eu só poderei dizer se gosto ou não, mas confio em quem de direito.
Quanto a mim, penso ter feito o que me competia: trazer a discussão que se impunha, com iniciativas na Assembleia Regional, o que permitiu repensar tudo e impedir separar o edifício da restante propriedade, como se impunha.
Agora compete-me ainda impedir que a obra se eternize.
E vou estar atento.

Unknown disse...

http://www.acorianooriental.pt/noticia/casa-museu-manuel-de-arriaga-entre-os-finalistas-do-premio-melhor-museu-2012