Para quem ainda não conhece, gostaria de referir neste post um dos mais importantes patrimónios naturais dos Açores, infelizmente bastante desconhecido da maior parte de todos nós, as turfeiras.
As turfeiras, ou turfa, é um tipo de vegetação habitualmente encontrado nas partes altas (mais 500m altitude) que está perfeitamente adaptado à captação de grandes volumes de água, quer por precipitação directa quer por intercepção de nevoeiros, mais conhecida entre nós por vegetação húmida. As turfeiras conseguem, conforme o seu tipo de composição vegetal, reter entre 73% (turfa de graminóides) e 94% (turfa de Sphagnum) do seu peso em água, funcionando como uma enorme esponja que armazena a água regulando as escorrências de água após eventos de grande precipitação evitando não só as erosões dos solos, bem como que estas águas se percam de imediato. As turfeiras têm igualmente um papel bastante importante de purificação da água, uma vez que retêm na sua estrutura todas as substâncias que estão diluídas, incluindo substâncias tóxicas.
Por estas e por outras razões as turfeiras são essênciais para a manutenção não só da diversidade natural das ilhas, bem como para garantir níveis de fornecimento de água correctos.
Infelizmente, ao que tudo indica, cerca de 50% da área de turfeira dos açores já foi alvo de intervenção humana, em particular para criação de pastagens ou de floresta de produção.
É um facto de temos por garantido que as ilhas açorianas não têm problemas de falta de água, mas situações como as ocorridas na ilha Terceira mostram-nos que a redução de áreas ocupadas por turfeira terão consequências graves no ciclo hidrológico.
Poderão encontrar mais informação neste artigo publicado por elementos do Gabinete de Ecologia Vegetal e Aplicada (GEVA) da Universidade dos Açores, e que serviu de suporte para este post.