terça-feira, 11 de agosto de 2009

Indústria da baleação

Existindo nos Açores, em particular no Faial e Pico, uma história de indústria ligada à caça à baleia, cujo património deve ser preservado, o que, na minha opinião, tem sido bem feito por parte do Governo Regional, não nos podemos esquecer que existem diversos países que continuam a exercer esta actividade de forma industrial.
Sendo defensor das actividades de baleação vocacionadas para a observação, desde que de forma controlada e de reduzido impacto (contrária ao turismo de massas), considero, no entanto, que parte das actividades humanas nos diversos oceanos são altamente predatórias e insustentáveis.
Neste sentido sugiro que dêem uma olhada neste VIDEOCLIP dos Modest Mouse que dá uma perspectiva interessante da caça à baleia.
Acrescente-se a curiosidade de o vídeoclip ter sido realizado por Heath Ledger (actor e realizador, falecido recentemente), que se dedicava também à animação.
AVISO: APESAR DO VIDEOCLIP SER EM ANIMAÇÃO ALGUMAS SEQUÊNCIAS SÃO BASTANTES FORTES E PODEM FERIR A SENSIBILIDADE DE ALGUMAS PESSOAS.

14 comentários:

Carlos Faria disse...

Compreendi a mensagem do filme, mas uma coisa são as actividades predatórias insustentáveis (não só nos oceanos), outra é a caça à baleia nos moldes tradicionais e ainda outra é o facto de nós (como todos os seres-vivos) sermos predadores da natureza e como animais sermos predadores de outros seres-vivos. O filme choca por algumas imagens e história, mas é só uma visão parcial da realidade que caracteriza a vida na terra que é naturalmente cruel e competitiva. Mas claro há as loucuras da humanidade mas isso dá para muita discussão.

Miguel Valente disse...

Ao Geo,
Obviamente que a caça à baleia que se particou nos Açores não se compara à situação demonstrada no filme. Também sei que a caça à baleia foi uma actividade essencial à sobrevivência de muitas familias, podendo considerar-se que era uma actividade de subsistência.
Apesar disso os vários registos de caçadas à baleia e respectivo tratamento em fábrica não deixam de ser bastante perturbadores. Infelizmente muitos desses registos focam o lado Social e Humano, e negligenciando o mais atroz desta actividade que é o abate de animais absolutamente excepcionais.
No entanto o que considero mais interessante no filme não é a situação da caça em si, mas sim a falta de respeito com que tratamos, em geral, as outras espécies que habitam o planeta.
Acho que o video serve não só para o caso da caça à baleia mas também a produção intensiva de carne para alimentação humana e animal, que é feita de uma forma grotesca e sem dignidade.

Carlos Faria disse...

essas ideias eu apanhara sim senhor ;)

Grifo disse...

Para dizer a verdade concordo completamente com a caça a todos os animais que tragam benefícios ao ser humano... Mas tudo feito dentro de paramentos sustentáveis e com ética para com os animais.

Por isso concordo completamente com a proibição da caça á baleia... visto que é uma espécie em recuperação.

E pelo pouco que sei... Não concordo com a proibição da caça ao golfinho nos Açores... Assim como não concordo com o tratado de Lisboa quanto aos Açores...

Tomás disse...

ao grifo

nada como ver de onde vem tudo o que consumimos
o documentário our daily bread mostra de tudo um pouco

www.youtube.com/watch?v=KL2HZBJ37m0

www.youtube.com/watch?v=oAilmTgFqEU

www.youtube.com/watch?v=EmZk-Lwl2Uk

como tratamos os animais que consumimos desenfreadamente

Carlos Faria disse...

embora não concordando completamente com o grifo percebo a sua ideia:
- as baleias estavam em decadência acelerada e a proibição foi então mais por questões ambientais do que "humanístas", mas informo que hoje estão em expansão;
- o grifo sabe quanto se queixam os homens do mar de que os golfinhos estragam a sua pesca e daí a argumentação de que concorda com a caça deste concorrente, mas o fim da sua captura prendeu-se mais com sentimentalismos pela ligação simpática que estabeleceu com o homem (sobretudo o urbano) do que por razões ambientais.
Isto só para dizer quanto somos influenciados por proibições e autorizações em função de marés sentimentais do que racionais.
(eu sou dos que têm uma simpatia forte por estes delfins)

As imagens chocantes que o tomás lançou também podem ser contrapostas com a dos ecologistas que se opõem a todas as alternativas tecnológicas para obtenção artificial de alimentos.
Há que conciliar a necessidade básica da alimentação, com a capacidade de produção de alimento. Não podemos ao mesmo tempo louvar produtos biológicos (mesmo que seja um nicho económico a explorar nas ilhas) e apregoar que queremos o fim da fome no planeta. Não dá, somos muitos. Há que tomar decisões racionais e não sentimentais apenas. O equilíbrio de tudo isto, num meio de gente extremista em vários sentidos e preconceitos vários é o busílis da questão e daí medidas muitas vezes desequilibradas.
O debate mantém-se aberto

Grifo disse...

Eu não gosto muito de extremismos... A realidade é desligada de sentimentalismos quando a a sobrevivência digna de pessoas em risco, por isso mesmo apoio o desenvolvimento sustentável e também por isso condeno a proibição da caça aos Golfinhos.
Mas cada caso é o seu caso, exige tratamentos diferentes tudo depende das populações animais existentes na zona, e da relação de predador/presa que mantém, com o homem... Mesmo percebendo a lógica das duas proibições a cima referidas, 1º não é bom para a nossa imagem turística levar turistas a ver golfinhos e Baleias e estar um barco do outro lado a caça-los Com as baleias que já recuperaram no Atlântico... No Pacifico, as baleias são uma população em declínio tanto ao nível populacional como ao nível da sua dignidade como animais deste planeta (para além de serem extremamente inteligentes)... A caça no Atlântico ia reafirmar o direito japonês de caçar as baleias de uma forma ainda mais insustentável... não podendo a UE dizer/aconselhar uma pausa ou diminuição da caça fazendo o mesmo nos seus mares...

Miguel Valente disse...

Ao Grifo,
Se bem percebi desde que seja para o bem da humanidade não vês qualquer problema na caça à baleia ou do golfinho. Creio que associas caça ao golfinho com desenvolvimento sustentável (a menos que tenha percebido mal). Eu estou ligado há já vários anos à área de desenvolvimento sustentável e desde de 2000 que fiquei chocado com este facto: se cada habitante da China tivesse um frigorífico, algo que para nós é essencial para uma vida minimamente digna, o planeta não suportaria esse gasto energético.
Agora imagina que para além dos chineses todo o resto do planeta teria um frigorífico por família, o que teríamos era uma crise energética a nível global.
Eu não quero dizer com isto que defendo que os paises menos desenvolvidos não devam ter acesso a condições mínimas de vida, mas sei que com 6 mil milhões de habitantes no planeta é impossível ter um desenvolvimento sustentável.
Como é que se resolve esse paradoxo? Não faço a mínima ideia mas sei que cada um de nós pode fazer a sua parte para reduzir a sua pegada ecológica.
Agora a parte mais controversa: não acredito que o Ser Humano tenha mais direitos sobre o planeta do que qualquer outro ser vivo. Estamos cá há muito pouco tempo e já conseguimos eliminar, directa ou indirectamente, milhares de espécies. Creio que o facto de termos uma consciência deveria ser uma responsabilidade para com o planeta e não um direito de monopolização.
Relativamente à questão dos golfinhos e dos pescadores existe de facto uma competição directa pelo pescado mas enquanto os golfinhos comem apenas aquilo que é necessário para a sua alimentação, o Ser Humano pesca mais do que necessário para a sua alimentação, provocando desperdícios. Porque é que nós, que desperdiçamos o peixe que não comemos, deveríamos ter mais direito a esse peixe do que os golfinhos, que mais não fazem do que alimentar-se?

Grifo disse...

Não concordo com essa lógica, pois levaria a que se deixa-se de caçar de tudo... passaríamos a vegetarianos...

Não estou a dizer que devemos ter mais direito a esse peixe, mas se o golfinho é uma espécie abundante e com poucos predadores... porque não caça-lo nos Açores para o antigo consumo próprio dentro da região... é simples, desenvolveu-se uma ligação forte com este animal...

Temos de apostar nas energias renováveis a 100%, ser inovadores, sendo até um habitante da china (que creio não ser chinês) a inventar um desumidificador, frigorífico e um serie de outros produtos em que não é necessário usar electricidade...

Mas a china está a construir centrais eléctricas de carvão para que essa crise não aconteça... pode é acontecer outras coisas... como Pequim em vez de ser inundado de areia, ser inundado de água também...

Na verdade existe com a caça o problema do costume, se em Portugal podem sem problemas porque o Japão não??? Ou se podem caçar em x porque não em y... Se as mentalidades fossem outras...

Miguel Valente disse...

Ao Grifo,
O futuro da energia não está só em aumentar-se a produção de fontes renováveis mas também, e principalmente, na redução de consumos. Quanto a golfinhos não creio que existam em demasia. Não creio que deixarmos de caçar, pescar ou produzir animais para consumo humano seja a solução. Agora todas estas actividades deveriam ser feitas de forma sustentável, não intensiva e respeitando os ecossistemas.
Quanto à caça à baleia pelo Japão, concordo que tem que haver mudanças de mentalidade, mas acho que essas mudanças deverão ser feitas por parte dos japoneses e não pelos portugueses.
É muito importante que se ganhe a consciencia que nós não somos donos do planeta e não podemos continuar a comportar-mo-nos como se tudo o que nos rodeia sejam recursos inesgotáveis ao nosso dispor.

Carlos Faria disse...

Grifo
Apostar a 100% em energias renováveis é neste momento condenar a maioria da população à miséria do 3.º mundo.
O miguel deu um exemplo concreto de como a extensão de 1 única medida (básica para nós europeus) a países como a china ou a índia (faltam muito mais) rebenta com o sistema actual de fornecimento de energia.
A verdade pura e dura é que não existe ainda neste momento tecnologia suficiente que possa assegurar as necessidades básicas de energia, mesmo mantendo o 3.º mundo na miséria, apenas com fontes renováveis.
É lindo dizer apostar 100% nas energias renováveis, mas esconde-se a triste realidade: agora e nos anos mais próximos tal é impossível... num futuro, talvez não muito longínquo, décadas essa meta pode tornar-se realidade, mas estamos no presente e é agora que o problema tem de ser resolvido.
Esta é uma das grandes mentiras de alguns ecologistas, que se limitam a exemplos brilhantes que não podem ser estendidos a toda a humanidade.
Dói, mas quem conhece a realidade mais global e é ambientalista tem de reconhecer: dói mas é verdade, que não conseguimos, nem sabemos ainds como aproveitar o sol, vento, marés, geotermia, ondas, etc. para satisfazr toda a humanidade em energia hoje.

Grifo disse...

Não digo para passar-mos já só para essas energias... simplesmente para apostarmos muito nelas... Temos formas de as aproveitar... Os países do 3º mundo não têm o dinheiro... e esse é o problema... ou lhes pagamos as energias renováveis (o que é difícil fazer para nós) ou enfrentamos uma enorme crise... Para não falar de que a energia renovável é algo muito prematuro...

Mas o que não se pode fazer é desanimar... e pensar em soluções, tanto politicas, como os nossos cientistas a melhorar, e a tornar mais barato os painéis solares...

Pelo menos para podermos viver todos com qualidade de vida no norte e no sul. Não vejo o degelo a ser travado a tempo, nem quero imaginar o que vai acontecer...

Grifo disse...

Dei um selo a este blog... o de blog viciante, mas sei que não é costume darem continuidade a essas corrente... Mas a homenagem está dada... :)

Fico é espera de resposta ao meu e-mail Miguel Valente... :)

Unknown disse...

Viva,

Falam que os golfinhos são um concorrente dos pescadores... e é verdade... mas qual é o maior concorrente do homem? É outro homem! Podemos ver o que acontece neste momento em S.Miguel... os pescadores raparam quase tudo que podiam e agora procuram outras paragens (ilhas). Agora digam que os responsaveis foram os golfinhos!

Arthur C. Clark escreveu um livro à mais de 50 anos sobre o futuro dos oceanos
http://bibliowiki.com.pt/index.php/A_Sexta_Parte_do_Mundo
Vale a pena ler!


Já agora... os cães e gatos tambem devem dar um bom petisco...