segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

sobre moinhos

No seguimento da sugestão do "grifo" venho lançar um debate sobre os moinhos do Faial. Como é do conhecimento geral, poucos são os moinhos faialenses que se encontram tão conservados como o ilustrado nesta fotografia (retirada do site da CMH da autoria de Néri Goulart). Este é um tema que gera alguma preocupação à Senhora Vereadora da Cultura da CMH, que por diversas vezes me abordou para tentarmos encontrar uma solução para os moínhos que ainda estão em estado de possível recuperação (apenas 3, de acordo com a referida senhora). Entre nós já se falou de diversas possibilidades, nomeadamente na criação de uma associação de protecção do património faialense, de forma a permitir concorrer aos fundos comunitários para recuperação dos referidos moinhos. Falou-se igualmente, e por sugestão da senhora vereadora, procurar um mecenas para patrocinar a referida recuperação, tendo sido sugerido o nome da EDA por analogia aos novos moínhos de vento, sendo que a função destes últimos não é propriamente a de moer.
Sendo da opinião que se deve recuperar o património degradado enquanto é possível fazê-lo sem que os custos sejam excessivos, sou igualmente da opinião que não basta recuperar o património. Entendo que nas discussões sobre recuperação de património é essêncial discutir o uso a atribuir ao mesmo. Só com uma utilização frequente dos edifícios é que é possível evitar a degradação dos mesmos, uma vez que os utilizadores vão dando conta dos defeitos e problemas que surjam com o passar do tempo e, preferencialmente, zelando pela sua correção, evitando que o edifício se degrade.
Gostaríamos de receber sugestões sobre quais as medidas que devem ser tomadas para recuperar os moinhos holandeses, possíveis utilizações, eventuais parceiros, etc.
Não posso deixar de terminar esta mensagem sem deixar o meu agradecimento ao Grifo pela sugestão deste tema, uma vez que é para isso mesmo que este blog existe. Um muito obrigado Grifo e a todos os participantes destes debates.

18 comentários:

Grifo disse...

Infelizmente... Essa é a verdade:"poucos são os moinhos faialenses que se encontram tão conservados como o ilustrado nesta fotografia".

Ainda mais triste é a vereadora da cultura dizer que apenas três ainda tem recuperação possível (não concordo)...

Assim só por memoria sei que existe: um nos arredores da cidade (acho que a rua até se chama rua dos moinhos), um na cidade, perto do bairro das pedreiras, um em Pedro Miguel, os da lomba (já recuperados), um na ribeirinha, um na praia do Almoxarife (ao pé dos geradores eólicos), sei que á mais... lembro-me de ler um trabalho sobre isso.

Carlos Faria disse...

O problema da recuperação de moinhos, além do desinteresse dos seus proprietário reside ainda em várias coisas ao mesmo tempo: quem assume a recuperação? onde ir buscar verbas? que uso dar ao moinho recuperado? apenas a utilidade da sua importância paisagística?
Existem muitas perguntas, como o LMJV disse, respostas praticamente nenhuma e esta tarefa sem respostas até a mim me assusta.

Grifo disse...

já ouvi falar de moinhos para o turismo rural... e as pessoas dormiam lá dentro. Mas isso são os grandes moinhos do norte (acho) do país... Acho que os Faialenses não têm espaço...

Nuno Moniz disse...

Vou cometer a audácia de falar de algo que percebo muito pouco.
Mas pela pequena pesquisa que pude fazer, existem municípios do Rio Grande do Sul no Brasil que reactivaram vários moinhos para recuperar a prática tradicional (assim também reanimando certa parte da cultura) que produzem farinha integral (e não farinha branca) fazendo com que pequenos produtores voltem à cultura do trigo.
Numa ilha relativamente pequena como o Faial, consigo ver a aplicação vantajosa, para todos, de um verdadeiro e sério projecto para os moinhos abandonados à volta do Faial.
Falta força para seguir a sério para a construção desse projecto.
Mesmo em termos paisagísticos, seria uma grande mais valia.

Cumprimentos.

PS. A página em que encontrei essa informação http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/programacao/2008/vantagens-da-utilizacao-do-moinho-colonial-para-agricultura-familiar

Miguel Valente disse...

Relativamente às utilizações a dar aos moinhos após uma recuperação devemos dividir o estado de conservação em dois tipos: os que são possíveis recuperar com o mecanismo, e os que não é possível recuperar o mecanismo. Para aqueles que é possível recuperar o mecanismo, parece-me que a sugetsão do Nuno Moniz faz todo o sentido, sendo que o ideal é que o mesmo fosse explorado por alguma associação que para além de produzir farinha integral pudesse igualmente desenvolver actividades pedagógicas e de sensibilização ambiental, conforme sugestão da senhora vereadora da cultura da CMH. Relativamente aos moinhos sem mecanismo, seria interessante dar uma utilização do tipo turismo rural, desde que se associe à mesma outros tipos de utilização para os habitantes locais, uma vez que o turismo só é possível durante poucos meses do ano.
O que não deve ser feito é, na minha opinião, o que se fez na espalamaca, em que se recuperaram alguns moinhos, permitiu-se a construção de casas em torno dos mesmos, tornando os mesmos em monumentos públicos, sem utilização, para serem vistos de passagem e para tirar algumas fotografias. O espaço em torno daqueles moinhos, tal com está, não é minimamemte apetecível para uma permanência para lazer.
Porque não entregar alguns dos moinhos a associações de produtores agrícolas para desenvolver algumas actividades ou tentar explorar os mesmos como por exemplo para a venda de mel artesanal, produtos de produção biológica, etc.

Miguel Valente disse...

Ao Grifo, relativamente ao número de moinhos possíveis de recuperar, por uma falha minha na forma como coloquei essa informação no post, de facto existem mais do que 3 moinhos recuperáveis, no entanto, o levantamento que foi efectuado pela senhora vereadora da cultura visa a recuperação de apenas 3 deles, por diversas razões.
No que diz respeito a recuperação de património, não é possível recuperar tudo, por razões óbvias, pelo que é necessário fazer opções.
Caso existam condições para recuperar 3 moinhos, acho que é melhor que não recuperar nada. Não nos podemos esquecer que, se já é difícil atribuir usos para 3 moinhos, quantos mais forem recuperados maior é a probabilidade de os mesmos ficarem ao abandono. Por isso, para começar, acho que 3 é um número simpático.
Gostaria de deixar bem claro que, esta situação dos moinhos, é de facto uma grande preocupação da senhora vereadora da cultura, que tem dado diversos passos no sentido de encontrar parcerias para efectuar as referidas recuperações. Não nos podemos esquecer que a cultura é o parente pobre das áreas de intervenção, sejam elas ao nível da administração local, regional ou da república. O que significa que o dinheiro atribuído a essa área, regra geral, é muito pouco. Geralmente não é suficiente para o desenvolvimento de actividades culturais, pelo que para intervenções em edifícios é praticamente impossível arranjar verbas camarárias, restando apenas encontrar parceiros ou candidatar-se a verbas comunitárias, sendo que nesta última situação as candidaturas não podem ser efectuadas por entidades públicas, como é o caso da CMH.

Grifo disse...

Acho que todos eles podem sofrer reparações, menos uns que são montes de pedra...

Mas o da ribeirinha pode ser recuperado facilmente, o da rua dos moinhos pode ser recuperado facilmente o um por recuperar da "lomba", outros são mais complicados, como o de Pedro Miguel e o da cidade perto da zona industrial (por serem de pedra)... os outros talvez podiam-se construir de novo, mas exige muito mais dinheiro...

Carlos Faria disse...

Grifo
qual o moinho da ribeirinha a que tu te referes?

Ma-nao disse...

Concordo que este é um assunto complexo, de difícil resolução - e se não fosse assim, não se via por aí tantos moinhos abandonados, como se vê hoje.
Também concordo que um projecto com viabilidade tem de integrar não só a recuperação mas também o destino a dar aos moinhos, porque não é aceitável utilizar recursos (sempre escassos) a recuperar um determinado património apenas para o voltar a deixar ao abandono e à decadência.
Sei que no Pico se recuperou um moinho, engenho inclusive, mas apenas porque uma associação de jovens se comprometeu a utilizar regularmente o moinho na sua função de moer cereal, tendo-se comprometido também a fazer a manutenção do mesmo.
(Gostava de dar esta informação de forma mais correcta e completa; procurei na internet esta notícia, que ouvi Dezembro passado na rádio, mas infelizmente não encontrei link que pudesse deixar aqui; se alguém souber de mais pormenores, agradeço as informações.)
Deixo um link para um exemplo de recuperação de moinhos em Lassithi, Grécia, projecto financiado pelo LEADER: http://ec.europa.eu/agriculture/rur/leader2/rural-pt/biblio/herit/art05.htm
Se bem que a natureza destes moinhos seja um pouco diferente, as circustâncias do seu abandono são semelhantes e a ideia de formação associada ao projecto é interessante.
Sobretudo, é um exemplo de como a forma como olhamos o património faz toda a diferença nestes processos.

Grifo disse...

ao Geocrusoe:

perto da estrada regional, tem lá um moinho com "uma hélice de duas pás"...

não tenho a certeza de ser na ribeirinha (mas tenho quase), mas pode ser um pouco mais para norte...

Carlos Faria disse...

pelo que descreves ou situa-se mesmo em pedro miguel ou no final dos espalhafatos, pois por aqui já não existe nenhum recuperável. o de pedro miguel ainda me lembro de funcionar e ir gente a ribeirinha colocar lá milho para moer.

Grifo disse...

pelo menos por fora parecia bem...

Grifo disse...

Visto que a discussão acabou... ou algo parecido...

Venho propor de que se fale(escreva) sobre a casa dos Dabney e fabrica da baleia de porto Pim... Acho interessante, o bom trabalho que lá se fez... e o mau também, falar do projecto e etc...

maugastamanhas disse...

O Prof. Carlos Lobão creio que tem uma obra sobre os moinhos, penso que um levantamento ou inventário dos mesmos. Uma possível utilização para alguns seria o seu funcionamento no contexto museológico por exemplo para produção biológica. Criação de pequenos bares/restaurantes intimistas, como na Graciosa creio que existe. Como pousadas uni-familiares, segundo sugeriu Grifo. Eventualmente como postos de informação turística se for caso disso.

Miguel Valente disse...

Relativamente à recuperação dos moinhos está neste momento em curso um processo de início de recuperação de alguns dos mesmos. O mais importante era que surgissem ideias para a utilização dos mesmos após a sua recuperação. Graças às diversas propostas apresentadas nestes comentários, as mesmas serão levadas em conta neste processo sendo que a definição de utilização é importante antes da recuperação do imóvel, de forma a permitir uma correcta adaptação às futuras funções, durante a fase de projecto.
O facto deste tema ter sido debatido neste blog, tendo surgido ideias extremamente interessantes, que chegarão às entidades competentes, já é motivo suficiente para a existência deste blog. É bastante reconfortante verificar que existem pessoas interessadas em intervir no património, em discutir sobre o local onde vivem. É isto que se pode chamar de participação cívica. Parabéns a todos os participantes e esperemos que outros debates tenham resultados tão positivos quanto este.

A ilha dentro de mim disse...

Parece que o debate já terminou, mas de qualquer forma aproveito para deixar um pequeno acrescento. No continente protuguês também esxistem moinhos que foram recuperados com sucesso e poderão ser inspirações para os moinhos faialenses, caso de um bar na Azóia - Colares, espaço um muito interessante, que tirou proveito do moinho e lhe acrescentou uma zona de esplanada coberta e outra exterior para aumentar a capacidade. Também no Sobral de Monte Agraço se está a recuperar um conjunto de moinhos para turismo rural, num perfeito exemplo de recuperação sustentável. Outra sugestão também poderia ser transformar esses moinhos para turista ver em pequenas galerias de arte, ou seja, em espaços para mostrar mais sobre a cultura açoriana.

Miguel Valente disse...

À "ilha dentro de mim", conheço o bar do moinho, creio que é o que fica perto do Cabo da Roca, e de facto foi uma adaptação muito interessante. Não nos podemos esquecer no entanto que as dimensões dos moinhos da Estremadura são consideravelmente maiores que as dos moinhos faialenses. No entanto as ideias sugeridas são bastante interessantes e serão ponderadas pelo grupo de trabalho que se está a criar para resolver o problema dos moínhos.

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