domingo, 15 de novembro de 2009

CRIAÇÃO DE LARGOS E JARDINS NAS FREGUESIAS RURAIS DO FAIAL

Muitas vezes no Continente um dos espaços importantes na estruturação dos povoamentos rurais é o "largo", frequentemente localizado junto da igreja.
Desde o início o largo foi uma estrutura viva, onde as pessoas se encontravam, conviviam, muitas festas das aldeias se realizavam e eventos importantes aconteciam, por isso, alguns possuem o pelourinho que marca o poder da justiça no coração da comunidade.

Nos Açores, sobretudo no Faial, talvez porque a urbanização se estrutura mais ao longo do anel da estrada regional em torno da ilha do que a partir do um núcleo das freguesias, apesar de existir o tradicional adro da igreja, raramente há um espaço com dimensões, vida e a dignidade dos largos.
Todavia no Faial, principalmente após o sismo de 1998, algumas freguesias passaram a ter espaços propriedade do Governo Regional que não só serviram para acolher sinistrados nos aldeamentos provisórios até à conclusão de reconstrução, como ainda possuem dimensões e condições para em caso de catástrofe serem ponto de reunião das populações e que entretanto se encontram desaproveitados.
Assim, em pleno século XXI, com estilos de vida diferentes do passado e onde se pensa a malha urbana com um núcleo consolidado, seria conveniente dar vida a esses espaços, criar condições para acolhimento de festas, instalação de parques infantis e colocação de mobiliário exterior de modo a terem um uso em parte semelhante ao dos largos.
Tal permitiria não só desviar da via pública vários eventos festivos com perturbação desnecessária de trânsito, criaria um espaço de convívio e atraente para as comunidades rurais e ainda mantê-los-ia em condições de arranjo dignas e disponíveis para acolhimento das populações pela protecção civil em caso de catástrofes futuras, podendo mesmo ser integrados nos planos de emergência.
Com este post pretende-se ainda que o Horta XXI pense o concelho para além da sua sede.

6 comentários:

Mário Moniz disse...

Eis uma boa ideia. Simples e fácil de implementar, ao mesmo tempo que se muda o aspecto causado pelos escombros que ainda permanecem visíveis em muitos desses espaços.

Miguel Valente disse...

Olá Geo. Bem-vindo de volta aos posts. De facto parece-me pertinente que a discussão sobre espaço público vá para além da cidade. As zonas adjacentes das igrejas eram de extrema importância para o convívio público quer antes, quer depois das celebrações religiosas. Digo eram porque com as mudanças de hábitos alguns dos espaços defronte das igrejas, no continente, têm vindo a ser transformados em parques de estacionamento, uma vez que actualmente poucas são as pessoas que se dirigem a pé para as igrejas. Um dos adros melhor aproveitados, na minha opinião, da ilha do Faial é o adro da ermida do Varadouro, que serve de prolongamento do espaço interno da ermida, principalmente durante os concertos de música erudita que têm tido lugar no início dos meses de Setembro. Outro exemplo interessante de aproveitamento do largo é o retratado no teu post, e que é o da Praia do Almoxarife. No caso da Ribeirinha poderia ser desenvolvido um projecto de arquitectura paisagística, com implementação de espaços recreativos tais como coreto, áreas de piquenique e parque infantil. Caso o terreno seja da CMH ou do Governo Regional, poderia estabelecer-se um protocolo de cedência temporária à Junta de Freguesia, bem como um protocolo de apoio financeiro para a sua gestão e manutenção.
Não posso deixar de salientar que essas infraestruturas tornam-se obsoletas se não existirem entidades que promovam actividades de utilização deste espaço. Já agora e em jeito de experiência proponho-te que, uma vez que frequentas a igreja, que aproveites para inquirir junto de alguns paroquianos se preferiam que o baldio junto à igreja da Ribeirinha seja aproveitado para espaço de lazer ou para estacionamento público.

Grifo disse...

A criação desses largos é fundamental... já varias vezes pensei num local para fazer isso em Pedro Miguel. Por acaso já pensei em pequenos arranjos que tornariam o centro melhor... O "2º centro" também precisa de uns arranjos...

PS: O centro é na estrada regional e o 2º centro é no cabeço redondo (segundo me disseram), é onde se reconstruiu o império...

Tomás disse...

concordo plenamente!

principalmente nos Açores, o espaço público é, hoje em dia, para o carro de cada um
o carro aqui reina
aqui no Faial e em todas as outras ilhas

a criação desses espaços iria com toda a certeza mudar alguns hábitos dos habitantes das freguesias e também de todos aqueles que as visitam

a cidade horta também peca pela falta de espaços pedonais

o problema é geral e urge ser resolvido

Carlos Faria disse...

ao Mário Moniz
é assunto que eu tenho reflectido e penso que não é dificil de melhorar significativamente as condições de vida social das nossas freguesias sem projectos megalómanos.

ao Miguel
concordo que depois tem de se promover actividades nesses espaços, pois eles não estão ainda de todos assimilados pelas tradições e nisso as forças-vivos teriam um papel preponderante.
Hei-de saber o que pensam as pessoas para a zona em torno da antiga igreja, mas à excepção do adro o resto não é baldio.

ao grifo
há problemas de espaços verdes nos centros que referiste de Pedro Miguel, embora as festas estejam retiradas da via pública neste momento.

ao tomas
subscrevo tudo o que disseste e por isso a proposta serviria para haver, mesmo no campo, espaços sociais sem carros a "conviver no seio das pessoas".

Grifo disse...

Não sei se a do 2º centro assim o é... mas é uma festa a que não costumo ir.