sábado, 27 de março de 2010

passadeiras sem saída

Quem costuma circular a pé pela cidade da Horta e faz os possíveis por atravessar nas passadeiras (respeitando a legislação em vigor)com certeza já se deparou com uma situação semelhante à ilustrada na imagem ao lado, de atravessar numa passadeira e dar de caras com um muro, ou uma casa, sem que haja passeio para dar continuidade ao seu percurso. O caso ilustrado passa-se em frente à escola junto ao centro de saúde e, como decerto saberão, não existe passeio entre os novos edifícios da "ter casa Açores" e o passeio das novas instalações do DOP, do lado do centro de saúde. Em contrapartida, nesse mesmo troço, e somente nesse mesmo troço, existe passeio do lado oposto. O problema surge quando a única passadeira existente se situa mesmo em frente à porta da escola, cujo lado oposto não tem passeio. Quem quiser ir até ao centro de saúde tem duas opções: 1 - atravessa na passadeira, respeitando o código de estrada e faz o restante percurso pela estrada ou pela caleira de encaminhamento de águas pluviais (com cuidado para não cair nas diversas sarjetas distribuídas pela caleira). 2- Segue pelo passeio do lado da escola e faz a travessia mais próximo da entrada do centro de saúde, incorrendo numa infracção ao referido código da estrada (coima de 10€ a 50€), uma vez que existe uma passagem para peões a menos de 50 metros. Podemos encontrar uma situação semelhante em frente à porta Norte da Escola Profissional.
Deixo registados aqui estes dois casos dado serem situações irregulares em frente a escolas, duas passagens de peões com uma utilização bastante intensa e, como tal, sujeitas à ocorrência de acidentes. Estas são situações que reforçam os argumentos de revisão do trânsito da cidade da Horta.
Naturalmente que situações como estas decorrem da falta de passeios e da monopolização da circulação automóvel em detrimento da circulação pedonal, contrariando as indicações da Agenda XXI, que visa uma relação saudável e sustentável entre a cidade e os cidadãos, para a qualidade de vida de todos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Igreja do Carmo – que futuro?

A Igreja do Carmo da cidade de Horta, para além de ser um edifício bonito, luminoso, espaçoso e com boa acústica, encontra-se numa localização excelente, com uma vista deslumbrante sobre a cidade, o canal e as ilhas vizinhas, particularmente o majestoso Pico. Foi, inclusivamente, indicada n'“O mais notável de cada ilha”, para a Ilha do Faial (juntamente com a Igreja de São Francisco e o Colégio dos Jesuítas), por Francisco E. O. Martins na sua obra de 1980 Subsídios para o Inventário Artístico dos Açores. Apesar de todas estas qualidades, o edifício encontra-se há décadas fechado à comunidade. Por enquanto, a Igreja mantém-se dignamente de pé, contra a inclemência do clima açoriano, após algumas obras de consolidação da estrutura na década passada, contando agora apenas com a ajuda de um pequeno número de pessoas que a têm limpo e reparado na medida do possível e no âmbito do mais premente para a sua sobrevivência.
Será a sua falta (mais ou menos) sentida, por alguns, por muitos? Talvez a sua longa “hibernação” tenha facilitado o acostumar-se à sua ausência, particularmente para quem sempre a conheceu fechada. Porém, talvez essa ausência seja menos fácil de aceitar se ponderarmos o potencial deste edifício e o que podia oferecer à cidade e à ilha. Aqui, para além da Igreja em si, estou a pensar no conjunto edificado – igreja + convento –, criado como uma unidade cuja volumetria ainda existe e, logo, pode ser restabelecida.
Existe a ideia (a utopia?) de devolver este edifício à vida. No entanto, como é por demais evidente, não há obra de recuperação – por mais ambiciosa, bem concebida e generosamente orçamentada – que garanta a sobrevivência a longo prazo seja de que edifício for, sem uma reutilização lhe dê razão de ser. Não pretendo defender uma ideologia materialista, é de património cultural que falo, mas dificilmente uma comunidade consegue suportar os custos de manutenção de todo o património existente, como se vê pelo abandono deste imóvel – deste e de outros, infelizmente exemplos não faltam. Só uma ligação à comunidade justificará a existência do edifício e, logo, é a única garantia de manutenção do mesmo.
Então, há que pensar numa reutilização para a Igreja do Carmo, que lhe devolva a vida e o futuro. Logo, a pergunta é: que equipamento urbano falece à cidade da Horta? O que poderá ser instalado na Igreja do Carmo, que sirva a comunidade e permita a sobrevivência do edifício, simultaneamente respeitando a sua dignidade arquitectónica, urbanística e histórica?
Proponho duas ideias totalmente diferentes, esperando que sejam inspiradoras, quer em si mesmas, quer por sugerirem outras:
1. Instalação, na Igreja do Carmo, do Museu de Arte Sacra, inaugurado oficialmente em 1965 e que existe sem existir, com a colecção dispersa, parte dela exposta no Museu da Cidade. Seria uma reutilização lógica, que preenche todos os requisitos acima colocados: o edifício é suficientemente espaçoso para albergar o museu; a função adequa-se totalmente ao contexto religioso do imóvel; e é um uso não só público mas que contribui para a vida cultural da cidade. Podemos ainda imaginar a extensão das funções de museu, na sua natureza didáctica e de divulgação cultural, a uma relação com a Escola Profissional da Horta (ali tão perto), por exemplo, instalando no convento oficinas para leccionar disciplinas inseridas em cursos de formação, ligadas ao património sacro (mas não só), como o trabalho e a reparação de ferro forjado, cerâmica, madeira, vitral, cantaria, modelação, estofamento, policromia, douramento e trabalhos com folha de ouro, etc., etc...
2. Instalação, na Igreja do Carmo, de uma Pousada da Juventude, equipamento que não existe na cidade da Horta. Veja-se a Pousada da Juventude de São Roque do Pico, reutilização do Convento de São Pedro de Alcântara que veio devolver à vida um edifício que, mesmo no estado de abandono em que estava, tinha uma enorme força de atracção, pela dignidade arquitectónica e pela localização. Tal como em São Roque do Pico, o Convento do Carmo tem todas as possibilidades de ser transformado em Pousada da Juventude, ficando a Igreja como património cultural visitável, já não um templo fechado, mas inserido num conjunto habitado que contribuiria para a diversidade da vida da cidade.
A pergunta permanece: que futuro para a Igreja do Carmo na Horta?

quinta-feira, 11 de março de 2010

Podar ou Decepar


No Faial as Podas que se vão Fazendo aos Plátanos são as esculturas mais tristes que já alguma vez vi


Supostamente...

Na jardinagem, poda é o ato de se retirar parte de plantas, arbustos, árvores, cortando-se ramos, rama ou braços inúteis, o que pode ser periódico e que pode favorecer o seu crescimento, forma-a, trata-a e renova-a. Pode ocorrer a poda natural, que é a queda ou morte natural de ramos, devido a umidade excessiva, falta de incidência de luz ou apodrecimento. Poda de forma é uma forma artificial de poda utilizada na jardinagem que retira folhas, ramos e galhos com o objetivo de modificar sua aparência estética.