terça-feira, 16 de junho de 2009

torre do relógio

No passado sábado teve lugar o "fórum cuidar dos jardins, cuidar de si" organizado pela CMH, SR Agricultura e Florestas e SR Ambiente. Foi uma iniciativa extremamente interessante e que esperamos que se realize mais vezes. No seguimento desse fórum e de uma conversa particularmente enriquecedora com a profª Isabel Albergaria, que apresentou um pequeno resumo da história e vocação dos jardins públicos, apresento aqui a proposta de se efectuar um projecto de arquitectura paisagista para a requalificação do espaço em torno da Torre do Relógio e que creio que se chama Largo D. Luís.
A proposta pretende complementar o Jardim Florêncio Terra criando condições para que neste espaço público haja condições para uma utilização mais lúdica. A criação recente de vários blocos habitacionais, associado à abertura das futuras instalações do DOP - Universidade dos Açores, veio revitalizar uma zona que estava a envelhecer. O Jardim Florêncio Terra devido às suas dimensões e características não comporta uma utilização mais lúdica, não sendo possível comportar um parque infantil, um campo de jogos ou um quiosque com esplanadas. No entanto o largo da torre do relógio tem condições excepcionais para o desenvolvimento destas utilizações atraindo pessoas para o local e para o histórico jardim.
Como poderão observar pela fotografia (peço desculpa pela qualidade, foi sacada do google earth) a Norte da torre destinar-se-ia um espaço para jogos vários, a Este ficaria um parque infantil e a Sudoeste um quiosque tipo com uma linguagem arte nova com duas esplanadas. Deste ponto será possível os pais e tutores vigiarem as actividades dos mais pequenos tranquilamente sentados na esplanada.
Naturalmente que esta proposta tem em conta a proposta de reordenamento do trânsito em que a rua que contorna este largo a Este seria interditada ao trânsito, ou seja, do lado do parque infantil deixaria de haver circulação automóvel.
Por favor comentem.

23 comentários:

Tomás disse...

a minha visão sobre este espaço é outra
penso que este espaço não precisa de funções e de preenchimento
aquele vazio é importantissimo para a cidade respirar
algo que nenhum jardim romântico nos pode oferecer
liberdade
os jardins desta cidade precisam de liberdade
e este que a tem
precisa apenas de uma ou duas árvores
e uma ou duas "cadeiras relva"

e viva os vazios urbanos

Grifo disse...

Não gosto de vazios urbanos... simplesmente porque se tornam em baldios... ninguém quer aquilo para nada ninguém trata daquilo... É até um espaço pouco acolhedor e que não deixa capturar a enorme beleza daquele local...

O que se entende por campo de jogos???

Carlos Faria disse...

ena!... grande produtividade no blogosfera ultimamente...
não concordo com o Tomás, espaços mais libertos da pressão dos jardins românticos já temos no largo Vitorino Nemésio à Alagoa e no Monte da Guia, este não é um jardim... é um verdadeiro jardim natural.
mas no largo de relógio e jardim florêncio terra falta algo, pois apesar da beleza da zona, a mesma quase não tem vida, nem qualquer actividade de restauração ou similar e algo deveria ser feito para cativa a população.
Depois da transferência do DOP quiçá não surja algo espontâneo para os intervalos dos investigadores e alunos.

Miguel Valente disse...

Ao Tomás, o problema dos vazios urbanos, tal como diz o Grifo, é que se tornam em baldios, que é o que existe neste momento em torno da torre do relógio. Nota que à excepção do quiosque não existirão obstruções visuais continuando o espaço a ser totalmente aberto em termos de vistas.
Ao Grifo, tal como informado no post esta é apenas uma proposta de reutilização daquele espaço sendo que seria necessário elaborar um projecto de arquitectura paisagista, o que não é a minha área. No na minha ideia o campo de jogos não será tipo ringue asfaltado mas sim uma definição clara em termos marcações no pavimento onde é que se pode jogar, de forma a limitar essas actividades a esse espaço, evitando a promiscuidade de actividades não compatíveis em todo o largo.

Grifo disse...

tudo em cimento e uma parte para jogos separada... mas pensas em tabelas de basket ou balizas??

Tomás disse...

cimento???

vazios urbanos é um espaço não pensado
que resulta bem porque respira
algo que não acontece em jardim nenhum da nossa cidade

em berlim há às centenas

claro que a este espaço lhe falta alguma coisa
alguma função

uma ou duas árvores e um pequeno relevo ajudariam a que
"surja algo espontâneo para os intervalos dos investigadores e alunos"
como diz o geocrusue

uma intervenção minimalista que não entre em competição visual nem com a torre nem com a magnifica paisagem

Miguel Valente disse...

Cimento nem pensar, e foi exactamente isso que disse no comentário anterior. O que eu entendo como campo de jogos é que aquele espaço seja demarcado como local onde se possa jogar, ou seja, manter como está actualmente em relva, mas definir que aquele espaço está vocacionado para jogos e, como tal, quem quer estar sentado a ler um livro, ou passear o cão terá os restantes espaços para o fazer. Quem quiser jogar à bola, etc, sabe que naquele espaço é que o poderá fazer.
Resumindo, os únicos novos equipamentos que proponho para o largo são o quiosque e o parque infantil, os quais permitem optimizar as valências do mesmo. A parte de jogos mantém-se como está ficando apenas mais definida, de forma a não interferir com as outras actividades.
Ao Tomás, Berlim é uma cidade gigantesca e que necessita desses vazios urbanos de forma a que as pessoas tenham espaços desprovidos de construções e utilizações de forma a poderem desligar-se um pouco da sociedade racionalizada. A Horta com a sua reduzidissima dimensão está rodeada de vazios urbanos. Tal como o Geocrusoé disse temos o monte da Guia, a Espalamaca, o Monte Carneiro, todos eles espaços com as características dos vazios urbanos e a um pequeno passo do centro da cidade. O que falta são espaços públicos dotados de equipamentos que maximizem as potencialidades lúdicas dos mesmos.
Naturalmente defendo que na concessão do espaço para um equipamento deverá estar incluída a manutenção de todo o espaço. Ou seja, em vez de se pagar uma taxa de ocupação, que não se sabe qual o fim da mesma, a entidade que gere o equipamento deverá zelar pela manutenção do espaço, sob pena de perder a concessão caso o mesmo não seja mantido.

A ilha dentro de mim disse...

Curiosamente, tinha escrito um post sobre o jardim Florêncio Terra na quinta-feira, e sem antes ter visto este. De facto, já é tempo de devolver alguma vida a esta zona.

Provavelmente nenhum de vocês andava pelo Faial há uns 25 anos, mas nesse tempo havia de facto um campo de jogos e um parque infantil junto à Torre do Relógio. E bem concorridos eram então, ainda que rudimentares os equipamentos disponíveis.

Concordo plenamente com a sua recuperação ou reorganização, dando dignidade a um espaço quase abandonado. Mas tenho dúvidas quanto à esplanada, que ficaria junto ao trânsito e sem qualquer vista interessante, com a desvantagem acrescida de atrofiar bastante as imediações da Torre do Relógio, cujo interior poderia ser aproveitado como miradouro, ou mais interessante, como galeria de arte.

No meu entender, faria muito mais sentido levar essa esplanada para o Jardim, onde melhor se aproveitaria a plenitude da vista. Porque não instalar o quiosque no canto sudeste, perto da zona onde estão as antigas instalações dos jardineiros? O resto do jardim continuaria de vistas largas e com espaço para silêncios e liberdades.

Ma-nao disse...

Concordo com a atribuição de um uso e com a planificação atempada nos espaços vazios, como é o caso deste relvado junto à Torre do Relógio. Deixar a "definição" aos acasos e aos utentes (possíveis utentes num futuro póximo, aquando da abertura da universidade) já todos em Portugal sabemos no que dá: baldios ou barraquitas/roulotes manhosas e desenrascadas no último momento, sem integração nem estética, sobre chão cimentado em placas ou coberto de bagacina (como na Avenida, infeliz mas localíssimo exemplo).
Não é isso o que este local merece (nem a cidade toda, já agora), não foi isso o que deu origem ao belo Jardim Florêncio Terra, espaço que, deixado vazio e nas mãos dos acasos do porvir, hoje não seria assim, bonito e apetecível.
Há que planear atempadamente e sem atropelos, incorporando as necessidades e desejos dos vários utentes daquele espaço, para se concretizar o melhor possível.
Concordo com a diversidade de utilizações para acolher os vários utentes: campo de jogos, parque infantil e esplanada, aqui e não no jardim, onde há pouco espaço e que já está todo muito definido. Penso que a esplanada estar neste relvado não impede a utilização da Torre como espaço cultural, antes pelo contrário.

santosmadruga disse...

Não sei se alguem conhece o espaço aproveitado pela Associação da Carapalha, cidade de Castelo Branco.
Julgo que seria interessante a sua cópia.
Estará de acordo com a sugestão do blog, mas com mais valencias que, muito bem ali cabariam.
Procurem saber. São bastante actualizadas.
cumptos.
Sm+

Carlos Faria disse...

à Ma-nao
Quando referi "Depois da transferência do DOP quiçá não surja algo espontâneo para os intervalos dos investigadores e alunos." tinha 2 objectivos: 1.º alertar para o risco que levantastes; 2.º ter esperança que alguém exigisse uma intervenção dado a sentir-se envolto por um espaço desaproveitado.
Não era um recomendação para se esperar.

Miguel Valente disse...

Ao santosmadruga,
De facto não conheço o projecto referido. É possível enviar um link relativo ao mesmo?
Á ilha dentro de mim,
A ideia inicial era a criação de um quiosque com esplanada no próprio jardim Florêncio Terra, e foi essa questão que coloquei à Profª Isabel durante o workshop. No intervalo do mesmo estivemos a desenvolver um pouco o tema e chegámos à conclusão que devido à proximidade do largo da torre do relógio talvez fizesse mais sentido a colocação do quiosque e esplanada no mesmo. Com a proposta de reordenamento do trânsito da cidade aquela estrada passaria a ter trânsito com velociade limitada a 30Km/h. Outra razão para a proposta do quiosque ser naquele canto é para permitir a vigilância dos mais pequenos em condições mais simpáticas. Quanto à ideia da torre do relógio passar a ser um espaço para exposições parece-me excelente e vem contribuir para a revitalização do espaço.

santosmadruga disse...

Não tenho o projecto da Carapalha. Conheço-o, in loco.
Está muito bem concebido e actual.
Bom fim de semana
SM+

Tomás disse...

encontrei o projecto da carapalha
basta seguirem o link:
http://static.panoramio.com/photos/original/6771568.jpg

pessoalmente defendo intervenções mais minimalistas
com menos meios e menos dinheiro pode-se fazer algo bem melhor e bem mais "resistente" ao tempo

algo que não mostre tanta obra
algo simples que possar ser utilizado por todos para tudo a todas as horas

algo que não condicione
sem vedações
sem caminhos
sem laguinhos
sem banquinhos espalhados
sem pontes nem tuneis

Aurora disse...

O largo da torre do relógio é lindo.

Lembro-me perfeitamente da primeira vez que o vi:

dois pré-adolescentes, rapaz e rapariga, vinham da escola para ir almoçar a casa. Estava sol. Passaram pelo relvado, empurravam-se um ao outro, brincavam e riam.
Com a paisagem que se abre ao fundo é impossível ver uma cena destas sem pensar que se assiste à felicidade pura. É cinematográfico, como as recordações que guardamos e que eles guardarão da sua infância.

Baldio? Todos os baldios fossem assim!

lixo visual e auditivo como esplanada com pernas de mesas e cadeiras, escorregas, baloiços, presença humana, bolas e boladas, barulho da máquina do café e do rádio do quiosque, num espaço que só é grande por estar vazio....

não me agrada a ideia.

a arquitectura é das poucas actividades que pode ser nobre ao nada fazer!

a minha proposta é simples manutenção. nem esplanadas nem barracas nem deixar as ervas crescer. que fique assim!

santosmadruga disse...

Tomas
Será que estamos a falar da mesma coisa.
É que a Carapalha, fica em Portugal, na cidade de Castelo Branco.
Eu refiro-me ao campo de jogos e ao parque.Aquele é sintetico e este é de piso alto, uma especie de borracha.Sobretudo o campo de jogos está bem pensado,e suporta várias valencias.
Apenas foi uma sugestão.

Miguel Valente disse...

Concordo que não haja vedações, nem laguinhos, nem patinhos nem pontinhas, etc, porque essas existem no jardim Florêncio Terra. Mas sou absolutamente a favor da definição de espaços. São pouquissimos os espaços com equipamentos para crianças dentro da cidade e creio que aquele espaço é privilegiado para esse efeito. A esplanada com as mesas e cadeiras, desde que bem integradas, são uma mais valia. São poucos os cafés e restaurantes com esplanadas nesta cidade. Angra tem sabido aproveitar muito melhor os pequenos largos e espaços de lazer para esse efeito. É um facto que os faialenses não têm hábitos de sair à rua nos fins de tarde, mas tal deve-se igualmente à falta de oferta. Nos últimos anos tem-se notado algumas mudanças de hábitos sendo que já se começa a ver pessoas a passear na marginal. Se houber mais espaços públicos com oferta de actividades de lazer mais pessoas virão para as ruas. Assim mais pessoas irão exigir espaços públicos de qualidade.

A ilha dentro de mim disse...

Concordo plenamente que há falta de espaços para crianças na cidade e que o Largo do Relógio é um espaço perfeito para isso. Julgo que a esplanada poderá funcionar algures por ali, mas naquele canto em particular faz-me alguma confusão. Talvez porque acho que a imponência da Torre merecia algum espaço livre à volta para ser devidamente valorizada.

Se a ideia é "vigiar" as crianças, talvez fizesse mais sentido a esplanada ficar acoplada ao parque infantil, embora essa não seja a ideia que todos temos de uma esplanada tranquila. Talvez por isso mais depressa a imaginava no próprio jardim, onde gostava de ter mais do que um banco de jardim para tirar partido da vista e do wireless que lá foi disponibilizado. A existência de umas mesas com bancos, mesmo sem esplanada ou quiosque (como na Gulbenkian) podia ser uma alternativa.

Tomás disse...

santos madruga
encontrei esta imagem no google earth em castelo branco na zona da carapalha

mas se não é este
facilmente se encontra o "verdadeiro"

Tomás disse...

http://static.panoramio.com/photos/original/13426285.jpg

acho que este é um jardim exemplar simples, com sombras com parque infantil incluido na relva, cadeiras incluidas na relva

quantos jovens e graudos eu já vi passarem horas de diversão neste local

Miguel Valente disse...

Ao Tomás,
Conheço o espaço e acho-o fantástico. Mas não nos podemos esquecer que o mesmo resulta muito bem porque junto a ele existem diversos equipamentos de apoio, nomeadamente o Oceanário, Teatro Camões e diversos cafés com esplanadas. Creio que aquele largo merece algum tratamento e que este poderá ser um deles, mas acho essencial que junto ao mesmo existam equipamentos de apoio.
Á ilha dentro de mim,
Talvez uma esplanada no jardim Florêncio Terra faça mais sentido, no entanto, tratando-se o mesmo de um jardim histórico tenho receio que uma intervenção no mesmo possa adulterá-lo demasiado, daí a proposta de colocação da esplanada junto à torre do relógio.
Acho, no entanto, que o mais importante é esta discussão sobre a utilização a dar aquele espaço, porque só assim é que devolve os espaços aos cidadãos.

tomas disse...

ao miguel
quando os espaços públicos são de qualidade
a oferta cresce à sua volta

e naquela zona
o que precisa de vida não é só o jardim
são todos os edifícios em seu redor

uma intervenção sem construção
faria com que as construções já existentes deixassem de estar vazias

Maria Silva disse...

Estou plenamente de acordo com o tomas. Não atulhem a cidade com quisoques e tendinhas, já basta as carripanas terceiro mundistas da avenida e outras que por aí há.

A minha infância e juventude foi passada neste Largo D.Luís I ou Largo do Relógio.

No meu tempo de menina e moça existiam muitos jovens dos dois bairros das redondezas. Brincavamos na relva, ao apanha, andavamos de bicicleta, faziamos rodas, jogavamos à bola, etc... Não precisavamos de parques infantis. As nossas mães sentavam-se nas banquetas (agora destruidas) e faziam renda, malha ou conversavam.

Havia brincos de princesa, hortenses e plumas à volta dos muros que serviam para nos adornar e o dia em que descobrimos o ossário foi como numa história dos cinco, só faltava o tim mas, descemos com uma lanterna quando a noita caíu.

Vinham pintores, com as suas paletas e telas, pintar as nossas paisegens e as cores maravilhosas que o Pico e lá iamos praticando o Inglês e o Francês.

O Largo D.Luís I, vulgo Largo do Relógio é um dos miradouros e espaços verdes da mui leal cidade da Horta, que necessita urgentemente de ser reconstruído como Largo desta cidade.

Não façam mais destruição e descaracterização desta pequena, linda e cosmopolita cidade.