segunda-feira, 20 de setembro de 2010
dia europeu sem carros
quarta-feira, 16 de junho de 2010
a importância dos técnicos qualificados na intervenção do espaço público
quarta-feira, 28 de abril de 2010
A "Arte Nova" e o Plano de Urbanização
Com a reconstrução da cidade da Horta após o sismo de 1926, a imagem tradicional desta cidade foi bastante alterada. Até então, conforme relatado por diversos autores, a cidade da Horta era uma cidade decorada a branco e cinzento, cores tradicionais da arquitectura popular devido às cores naturais dos materiais utilizados, a cal e o basalto. Naturalmente, nem todas as casas tinham as molduras, socos e cunhais em pedra à vista, sendo que, nas situações em que estes elementos eram em argamassa, os mesmos eram pintados a cinza escuro, de forma a combinar com os elementos de basalto das edificações mais nobres. As excepções eram, naturalmente, as construções edificadas por pessoas “de fora”, como foi o caso dos D'Abney. O sismo de 1926, tal como as diversas catástrofes que aconteceram ao longo da História, trouxe destruição, mas também uma oportunidade de renovação. Curiosamente vivia-se na Europa um período riquíssimo das artes decorativas, ao qual a arquitectura não ficou imune, surgindo assim um estilo arquitectónico que, apesar de ter diferentes denominações nos diversos países onde surgiu (Holanda, França, Bélgica, Inglaterra, etc.), ficou internacionalmente conhecido pelo nome “Arte Nova”.
Rapidamente surgiram os grandes edifícios multiresidenciais em locais privilegiados (gavetos ou junto a espaços públicos), fortemente decorados e destacando-se das demais construções. Grande parte destes edifícios continua a existir e, felizmente, a maioria está bastante preservada, existindo apenas um, ou dois, que necessitam urgentemente de intervenção.
Os habitantes da Horta não ficaram indiferentes a esta nova vaga de cor, de formas e de casas luminosas e rapidamente adoptaram muitas das características desta novas edificações, nomeadamente nas dimensões dos vãos, no formato das molduras, nos varandins, nas platibandas, etc. Houve até quem tenha adaptado as suas casas a esta linguagem com o mínimo de intervenção, recorrendo a soluções tão simples como pintar a fachada com tons claros de verde, rosa, amarelo ou azul, e as molduras, socos e cunhais de branco. Pouco a pouco, a cidade da Horta foi-se alegrando, tornando-se colorida, ganhando a imagem de uma cidade com uma linguagem contemporânea, mesmo com construções de cariz tradicional.
Infelizmente, parte dessa riqueza cromática perdeu-se no último quartel do séc. XX, em parte devido à implementação de um artigo no regulamento municipal, durante os anos 80, que incentivou um regresso à imagem de uma cidade pintada a cinzento e branco.
No entanto, ainda estamos a tempo de recuperar a imagem “Arte Nova” que caracterizou a cidade após o sismo de 1926, ou, pensando melhor, talvez não. E porque não?
Consideremos as características gerais das edificações tradicionais que tentaram adaptar-se à imagem tipo “Arte Nova”: fachadas de cores claras, vãos verticais e molduras, socos e cunhais pintados a branco. De acordo com o Regulamento do Plano de Urbanização (versão revista), as cores permitidas para as molduras, cunhais e socos em argamassa são o cinzento e o preto, invalidando completamente a imagem “Arte Nova” de qualquer intervenção que não esteja já com estes elementos pintados a branco. Espero apenas que a sensibilidade e o bom senso dos serviços municipais prevejam alguma “abertura” para situações em que é essencial para a imagem de rua que novas intervenções tenham elementos decorativos pintados a branco, porque a aplicação integral deste ponto, que parece tão insignificante, poderá agravar ainda mais a perda da identidade “Arte Nova” do centro da cidade da Horta.
Para terminar, gostaria de deixar bem claro que não tenho nada contra as molduras e cunhais pintadas a cinzento, apenas contra a sua obrigatoriedade, injustificada, na minha opinião.
Nota: este post foi publicado na edição nº 37 do jornal FAZENDO.
sábado, 27 de março de 2010
passadeiras sem saída
terça-feira, 16 de março de 2010
Igreja do Carmo – que futuro?
Será a sua falta (mais ou menos) sentida, por alguns, por muitos? Talvez a sua longa “hibernação” tenha facilitado o acostumar-se à sua ausência, particularmente para quem sempre a conheceu fechada. Porém, talvez essa ausência seja menos fácil de aceitar se ponderarmos o potencial deste edifício e o que podia oferecer à cidade e à ilha. Aqui, para além da Igreja em si, estou a pensar no conjunto edificado – igreja + convento –, criado como uma unidade cuja volumetria ainda existe e, logo, pode ser restabelecida.
Existe a ideia (a utopia?) de devolver este edifício à vida. No entanto, como é por demais evidente, não há obra de recuperação – por mais ambiciosa, bem concebida e generosamente orçamentada – que garanta a sobrevivência a longo prazo seja de que edifício for, sem uma reutilização lhe dê razão de ser. Não pretendo defender uma ideologia materialista, é de património cultural que falo, mas dificilmente uma comunidade consegue suportar os custos de manutenção de todo o património existente, como se vê pelo abandono deste imóvel – deste e de outros, infelizmente exemplos não faltam. Só uma ligação à comunidade justificará a existência do edifício e, logo, é a única garantia de manutenção do mesmo.
Então, há que pensar numa reutilização para a Igreja do Carmo, que lhe devolva a vida e o futuro. Logo, a pergunta é: que equipamento urbano falece à cidade da Horta? O que poderá ser instalado na Igreja do Carmo, que sirva a comunidade e permita a sobrevivência do edifício, simultaneamente respeitando a sua dignidade arquitectónica, urbanística e histórica?
Proponho duas ideias totalmente diferentes, esperando que sejam inspiradoras, quer em si mesmas, quer por sugerirem outras:
1. Instalação, na Igreja do Carmo, do Museu de Arte Sacra, inaugurado oficialmente em 1965 e que existe sem existir, com a colecção dispersa, parte dela exposta no Museu da Cidade. Seria uma reutilização lógica, que preenche todos os requisitos acima colocados: o edifício é suficientemente espaçoso para albergar o museu; a função adequa-se totalmente ao contexto religioso do imóvel; e é um uso não só público mas que contribui para a vida cultural da cidade. Podemos ainda imaginar a extensão das funções de museu, na sua natureza didáctica e de divulgação cultural, a uma relação com a Escola Profissional da Horta (ali tão perto), por exemplo, instalando no convento oficinas para leccionar disciplinas inseridas em cursos de formação, ligadas ao património sacro (mas não só), como o trabalho e a reparação de ferro forjado, cerâmica, madeira, vitral, cantaria, modelação, estofamento, policromia, douramento e trabalhos com folha de ouro, etc., etc...
2. Instalação, na Igreja do Carmo, de uma Pousada da Juventude, equipamento que não existe na cidade da Horta. Veja-se a Pousada da Juventude de São Roque do Pico, reutilização do Convento de São Pedro de Alcântara que veio devolver à vida um edifício que, mesmo no estado de abandono em que estava, tinha uma enorme força de atracção, pela dignidade arquitectónica e pela localização. Tal como em São Roque do Pico, o Convento do Carmo tem todas as possibilidades de ser transformado em Pousada da Juventude, ficando a Igreja como património cultural visitável, já não um templo fechado, mas inserido num conjunto habitado que contribuiria para a diversidade da vida da cidade.
A pergunta permanece: que futuro para a Igreja do Carmo na Horta?
quinta-feira, 11 de março de 2010
Podar ou Decepar
No Faial as Podas que se vão Fazendo aos Plátanos são as esculturas mais tristes que já alguma vez vi
Supostamente...
Na jardinagem, poda é o ato de se retirar parte de plantas, arbustos, árvores, cortando-se ramos, rama ou braços inúteis, o que pode ser periódico e que pode favorecer o seu crescimento, forma-a, trata-a e renova-a. Pode ocorrer a poda natural, que é a queda ou morte natural de ramos, devido a umidade excessiva, falta de incidência de luz ou apodrecimento. Poda de forma é uma forma artificial de poda utilizada na jardinagem que retira folhas, ramos e galhos com o objetivo de modificar sua aparência estética.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
aprender com os erros dos outros
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
o projecto do novo molhe
vejo alguns defeitos
mas leio muitas qualidades
www.azores.gov.pt/NR/rdonlyres/E26ABDBC-173D-44D5-A93F-503E52AFCBC4/0/RNTPortodahorta.pdf
publico aqui no HORTA XXI uma imagem e um link com uma descrição pormenorizada das intervenções na bacia do porto da HORTA (a norte e a sul)
para que todos possam ter uma opinião bem fundamentada
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Pobre Reabilitação da Casa Manuel de Arriaga
Esta casa já teve muitas intervenções e hoje em dia está em ruina, no entanto para assinalar uma data histórica e usando as verbas exorbitantes de que já todos ouvimos falar seria de esperar uma intervenção com mais imaginação, ou pelo menos com o mínimo de imaginação, algo para a posteridade. No fundo seria apenas construir património no exacto local onde este foi destruido.
Seria de esperar uma devolução desta casa à cidade, intervindo com o espaço público, retirando este local das traseiras da nossa cidade. Seria também de esperar que a casa recuperasse a escala e o traçado que outrora teve, ou pelo menos a introdução de algo novo que viesse explicar a não reconstrução do traçado original ou de uma interpretação do mesmo...
Nada disso vai ser feito, talvez por pressa em "ter" rápidamente uma inauguração ou talvez por simples falta de imaginação. A casa será recuperada mas não a dignidade que esta merece.