quinta-feira, 13 de novembro de 2008

AVENIDA MARGINAL DA HORTA - Que fazer?

A Horta, cidade mar, cresceu de costas para o mar... e para o Pico. Aspecto fácil de comprovar com o facto da frente marítima da Matriz se fazer com as traseiras das casas situadas na sua rua principal. Situação que não é única em vários aglomerados urbanos dos Açores.
No final da década de 1950, a construção da Avenida Marginal teve um caracter de protecção da cidade contra as maresias e criou uma via rodoviária estruturante do trânsito urbano. Talvez por isso mesmo não lhe foram adicionadas estruturas de atracção popular, como esplanadas, cafés e outros espaços lúdicos, embora duas zonas verdes tenham sido ocupadas por um pequeno jardim e um parque infantil com características marcantes da década de 1960.
Apesar desta via ter um dos cenários mais belos do país a vista para a baía da Horta com a Montanha do Pico ao fundo, a Avenida Marginal nunca foi o principal foco de atracção dos residentes para os seus tempos livres de passeio e relaxamento. Também não existem bancos que permitam ao transeunte sentar-se a maravilhar-se com a paisagem e a observar a actividade portuária, o murete novamente repete a tradição de uma cidade de costas viradas para o mar.
A agravar a capacidade da Avenida como foco atracção dos tempos livres do seus residentes e foco de atracção de actividades sociais, o seu parque infantil foi essencialmente ocupado por um parque de estacionamento asfaltado sem qualquer cuidado urbanístico ou sinal de bom-gosto, enquanto o lago do jardim passou a coincidir com a placa de cobertura de casas de banho públicas, cercadas de mais espaços de estacionamento automóvel. Sobrou um pequeno quiosque e um outro maior com uma esplanada desvalorizada para um agradável aproveitamento como espaço de convívio.
Assim, passados cerca de meio século da construção da Avenida Marginal, esta continua a ser uma estrutura marginal na vida social da Horta.
Pergunta-se que fazer? Manter este subaproveitamento? Reordenar e incentivar actividades lúdicas e de restauração compatíveis com o uso rodoviário e de estacionamento da avenida? Adicionar mobiliário urbano capaz de atrair jovens, reformados e turistas para amenos convívios e onde seja possível desfrutar a paisagem? Deixar que a marginalização da avenida se acentue e torná-la num vasto parque de estacionamento e desistir de virar a cidade da Horta para o mar?
Questões há muitas possíveis... o que desejo é que se encontrem as respostas adequadas.

14 comentários:

maugastamanhas disse...

circuito de manutenção e local de passeio já é. Talvez seja um ponto de partida. E porque não buscar inspiração ou fundamentar a originalidade (e também por prevenção) no que por esse mundo fora se fez e vai fazendo em espaços e contextos comparáveis ?

Miguel Valente disse...

De facto o passeio da marginal já é usado por diversas pessoas para passeios e principalmente para manutenção da forma física. No entanto ainda há muito para melhorar começando pelo repensar da localização da circulação automóvel. Os espaços centrais que foram "transformados" em estacionamento sofreram essa transformação de forma algo espontânea devido à falta de alternativas de estacionamento automóvel, bem como ao facto de serem ilhas entre vias de circulação, tornando-s pouco apetecíveis para utilização como espaços de lazer. Existe uma necessidade grande de repensar a avenida marginal e espero que a intervenção do porto da Horta permita uma discussão sobre o que fazer à mesma.

LPGarcia disse...

De certo que a requalificação do Avenida passa pelo reordenamento do Porto da Horta e o saneamento básico, mas não se pode é fazer as chamadas " africanadas" como essas que vê-mos nas fotos em questão, que critério seguiram para implantar o "Jackpot", pré-fabricados atrás para lojistas, colocação de bagaço vermelho? Ui já sei para montar as barracas e palco da semana do mar, durante uma semana por ano.
Estacionamento? Solução partir para cima do mar fazer aterro talvez ou deixar os carros em casa.

A ilha dentro de mim disse...

Desistir nunca! Porque não se pode desistir das coisas boas que a vida nos pode oferecer. Já muito escrevi sobre este tema na imprensa faialense, mas ainda não perdi a esperança.

O regresso das pessoas ao calçadão da avenida nos últimos cinco a seis anos foi um começo. Depois delas, começaram a surgir pequenas esplanadas, embora nem sequer me atreva a comentar o seu design...

O problema maior é conseguir que as autoridades municipais deixem de olhar para a avenida como o recinto da Semana do Mar, reservado apenas para montar o maior número de tasquinhas possível. Enquanto isso não mudar, tudo o resto será mais difícil...

LPGarcia disse...

Gosto muito é da cabine telefónica não havia mesmo outro sítio.

maugastamanhas disse...

Outra sugestão de leigo na matéria para a Avenida, desta feita enquadrada numa intervenção mais profunda, seria a possibilidade de criar dois níveis (pisos) horizontais em que um seria destinado às infra-estruturas rodoviárias e outras e outro (possivelmente o superior) ao desporto, lazer e circulação pedonal.
Fica à consideração de arquitectos, urbanistas, paisagistas, engenheiros, etc ...

Grifo disse...

Detesto aquele bocado de asfalto! que nem para estacionamento o usam!

Podiam:

Alargar os passeios (mantendo o mesmo padrão de calçada)

Colocar bancos e baldes do lixo na avenida. (pior do que passeios vazios são passeios sujos)...

Naquele bocado de asfalto criar um pequeno local de convívio, talvez com palco e musica nas bonitas noites de sexta e sábado.

Não percebo bagacina vermelha... ultrapassa-me.

Manutenção do jardim onde existem as rolotes... mas por favor, que combine com a cidade.

Carlos Faria disse...

Bem, deixei passar algum tempo para ouvir opiniões, pois quando coloquei o post tinha ideia de ouvir e propor.
Esclareço que adoro a frente marítima da horta e o potencial desta via, detesto o que lá está neste momento.
O projecto do porto apenas tem um ponto de contacto com a avenida a rotunda da conceição, resta muita avenida.
Para mim, aquela via pode mudar e radicalmente, tem custos elevados, mas talvez menores que as necessidades de reordenamento da avenida.
Assim, não vejo porque aquela zona tem agora um passeio pouco largo junto ao mar, uma via com duas faixas de estacionamento e duas de circulação, outro passei estreito, ilhas que foram verdes e agora são borradas de asfalto e uma via interior junto às casas.
Reordenar a avenida é mesmo mudar radicalmente, os carros não necessitam do cenário do pico, pelo que considero o alargamento da via interior (julgo que Mouzinho da Silveira) de modo a permitir a circulação rodoviária e manter os acessos à habitações e garagens, todo o resto seria espaço ajardinado, parque, passeio, quiosques de qualidade, esplanadas, espaços de espectáculos, circuitos de manutenção, mobiliário urbano, tudo com grande capacidade de uso no dia-a-dia e mesmo na semana do mar, sem criar monstruosidades que desfeiam a cidade quando ela deveria ser mais bela ainda.
Haveria talvez necessidade de repensar algo na rede de esgotos e águas pluviais, mas em breve ocorrerão as obras de saneamento básico da cidade, um momento oportuno para intervir.
Pensar a cidade é pensar em grande, com abertura de ideias e objectivos. Neste caso, tornar a frente marítima da cidade o seu principal pólo urbano de dinamização e de atracção lúdica e turística ao ar livre, transformar a Horta mesmo numa cidade mar na realidade.

Grifo disse...

Geocrusoe, essa proposta chega á CMH???

Carlos Faria disse...

à CMH não sei se darão ouvidos, mas ao povo para pensar... ela está aí.
lançar sementes para a sociedade reflectir é um dever de cada cidadão.

Ma-nao disse...

Para mim a questão aqui prende-se com a necessidade (urgente) de trazer para o século XXI uma via traçada em épocas (ultra)passadas, quando o mar era um grande inimigo a quem as casas viravam as costas por exigência imperiosa de sobrevivência. Mudam-se os tempos, mudam-se as cidades, ou talvez não, mas devia-se...
A avenida marginal tem imenso potencial como espaço primeiro de uma cidade que se sonha cidade-mar. Geocrusoe, há visão, o plano é bom, e agora...?

Carlos Faria disse...

ao ma-nao
agora é reflectirmos juntos, melhorar a ideia, corrigir-lhe as arestas, defeitos e pô-la publicamente ao serviço dos faialenses, se tivermos unidos e amadurecido a ideia, mais cedo ou tarde, conseguimos melhorar esta terra naquilo que é possível.

Tomás disse...

concordo inteiramente com este plano, iria contribuir em muito para a renovação da frente marítima
Não são precisos grandes investimentos, depois de tornar grande parte da largura da avenida em zona pedonal, o resto da renovação surgirá aos poucos por iniciativa privada

o maior problema é que este é o maior parque de estacionamento do centro da cidade da horta
onde toda uma ilha trabalha
e pouca gente vive

Tomás disse...

claro que se as pessoas não tiverem lugar onde deixar o carro
passam a deslocar-se a pé, ou de bicicleta, ou de autocarro