Sobre o mobiliário urbano da cidade da Horta existe alguma disparidade de linguagens de design que impedem uma imagem coerente dos espaços públicos da cidade. Nesta foto surgem três elementos, (sendo que um deles não é mobiliário mas contribui para a falta de unidade do espaço público), nomeadamente:
- bancos: apesar de o design ser do meu agrado (noutro contexto), os bancos que têm vindo a ser espalhados por alguns dos espaços públicos da cidade, juntamente com as papeleiras com o mesmo tipo de design, não são compatíveis com a linguagem mais frequente da cidade da horta, que é, na minha opinião, a arte nova. Seria talvez interessante que os bancos dos diversos espaços públicos tivessem uma linguagem mais próxima do design desse período, bem como as papeleiras e candeeiros.
- quiosque: relativamente aos quiosques presentes no largo do infante, cuja presença faz todo o sentido, infelizmente, devido às suas características arquitectónicas e construtivas, dão uma ideia que ficaram "esquecidos" depois da semana do mar, e que ainda não houve tempo para os desmontar. Seria interessante que os mesmos fossem substituídos por quiosques do tipo art deco (como os que surgem numa colecção de selos dos ctt) os quais possam ser explorados por associações de cariz cultural e/ou social. Já agora sugeria que se estabelecece um protocolo com a biblioteca da Horta de forma a ter um quiosque com alguns livros de contos, livros infantis, jornais e publicações periódicas, com algumas mesas e cadeiras, onde os transeuntes possam aproveitar algum tempo livre para ler e habitar o espaço público.
- calçada: o pavimento, não sendo mobiliário tem no entanto um impacto considerável na percepção, por parte do transeunte, do espaço. Tendo a CMH tido o bom senso de aplicar calçada de pedra no pavimento do largo do infante e no largo da república, infelizmente a estereotomia do mesmo não foi, na minha opinião, uma escolha feliz. O facto de se ter escolhido uma preponderância pelo basalto torna o espaço escuro e algo triste. A presença de algumas pedras de calcário, de forma aleatória, dá a sensação de ser um chão escuro que está um pouco sujo. Felizmente, uma das grandes vantagens da calçada é a possibilidade de ser removida e refeita sem desperdícios de material. Existindo excelentes exemplos de calçada à portuguesa por toda a cidade, tendo inclusivamente alguns desses exemplos sido apresentados em diversos livros editados pela CMH ou por juntas de freguesia, não seria interessante refazer estes pavimentos de forma a criar alguma unidade com os pavimentos de calçada adjacentes?
Gostaria de terminar este post com uma nota relativa ao largo do infante. Para mim este espaço é sem sombra de dúvida um dos espaços públicos exteriores mais agradáveis da Horta, sinto no entanto que ao mesmo falta-lhe vida. O que sinto mais falta é a presença dos grupos de avós em volta de algumas mesinhas a jogar às cartas, às damas ou ao xadrez, como é habitual neste tipo de espaços. Existem tantas formas de promover o convívio dos mais idosos com outras camadas etárias ou entre eles próprios. Aceitam-se sugestões.
Já agora não posso deixar de agradecer aos visitantes deste blog que têm deixado os seus comentários. Este blog é para fomentar a discussão pública, os temas são sugeridos pelos autores mas os comentários são uma excelente forma de participação. E como há tantos temas para discutir, sugiram, participem. Obrigado
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
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3 comentários:
Bem... à velocidade da produção de posts no blog, até tenho dificuldade em o acompanhar, hoje andei a tirar fotos para aqui, de modo a levantar questões sobre uma das vias estruturantes, ou que o deveria ser, para a dinamização social e turística da cidade.
Concordo com o facto de que a Horta tem uma imagem muito forte para o período da arte nova, resultado da reconstrução da cidade pós 1926, pelo que estou plenamente de acordo que esse aspecto deveria ser tido em consideração nos arranjos urbanísticos da cidade e como este espaço está em continuidade com a via de que quero falar (estou a marcar terreno!) deixo o resto para mais tarde.
está ai tudo o critiquei á uns anos quando foram feitas obras de recuperação...
Aquele quiosque pertence á CMH mas só está aberto quando passam cruzeiros cá no Faial...
No verão costuma de existir animação de rua mas no inverno talvez devido ao mão tempo não existe.
Na minha opinião devia-se:
Fazer ali um quiosque, com livros da Biblioteca (etc) e com pastelaria e café (para existir a tal esplanada...
Se há uma coisa que as autoridades municipais responsáveis pelos espaços públicos da Horta ainda não perceberam é que se pode inovar sem desperdiçar o passado da cidade. Recuperar é dar valor acrescentado e não apenas fazer algo novo!
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